quinta-feira, 30 de outubro de 2008

São Paulo e o chá

O Botafogo perdeu para o São Paulo, ontem, num dos jogos mais decisivos para a caminhada Tricolor.

Como foi ano passado, no Maracanã, quando o Botafogo disputava o título, no fim do primeiro turno. Perdeu, e nunca mais foi o mesmo na competição.

Como foi em 1981, na semi-final do Brasileirão, numa histórica virada dos paulistas.

Perde o Botafogo, com duas falhas gritantes em dois gols saopaulinos. Podem queixar-se do árbitro que anulou gol legítimo, mas não podem queixar-se da vida, da sorte. Não adianta o Presidente invadir o gramado, ou renunciar, nada.

No primeiro turno, foi ainda pior ao Botafogo. Jogando no Morumbi, o time carioca pressionava, mandava na partida. Um São Paulo capenga e inoperante estava em vias de tomar o gol da virada, mas, nos minutos finais, fez 2x1.

A vitória do primeiro turno foi mais achada pelo São Paulo, que não merecia. A vitória no segundo turno, ontem, foi mais dada pelo Botafogo, que não se controla.

Subterfúgios serão buscados, é chato falar do árbitro quando se erra tanto e se atua mal como atuou o Botafogo. O fato é que o São Paulo sabe jogar na conta do chá.

E o Botafogo fez mais. Deu colheres de chá.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

"Os três pontos que é o mais importante"

Luxemburgo não quer mais que São Marcos fale "bobagens". Sob seu comando, não quer mais que as famosas declarações do goleiro saiam, assim, tão "espontâneas", veja você, que absurdo, ser espontâneo é mesmo perigoso.

E os jornalistas que ouviram isso, nada questionaram. Alguns fizeram até um ensaio "carnavalesco" para o tema. "Marcos causa outro mal-estar", sugerem.

É verdade que Marcos usa o coração quando fala de futebol, e nas derrotas, o que sai de sua boca é quase tudo que está na garganta do torcedor.

Mas o treinador não quer. O "grupo" respondeu que "roupa suja se lava em casa".

Ainda que, de fato, no campo, a roupa sequer tenha sido suada.

A "roupa suja" se lava longe da imprensa? Para ela (ou seja, para o torcedor), deve-se usar o discurso vazio, resultado do trabalho honesto da assessoria de imprensa?

"O mais importante é os três pontos, clássico é clássico, o grupo está unido, o adversário é muito forte, não tem nada ganho". É assim, Luxa?

É assim, inclusive porque os donos dos microfones nem se movem para que não o seja.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Vitória do Palmeiras SIM

Affonso Della Monica não conseguiu permissão para prorrogar seu mandato atual na Sociedade Esportiva Palmeiras.

Faltaram 12 votos para que o "SIM" fosse dado, em nome de qualquer argumento tão ou mais pífio do que "continuar na presidência apara acompanhar o processo da Arena palestra".

12 nomes. Um deles, do Vice-Presidente Paulo Nobre, não se perca pelo sobrenome. Nobre votou "NÃO", e "puxou" outros votos iguais ao dele, afinal, é nome influente.

Della Monica não tem motivos para ficar chateado com seu Vice-Presidente. Aliás, ele mesmo foi por tantos anos o Vice de Mustafá Contursi.

Mustafá que, claro, votou contra, e isso deve doer em Della Monica, que vê em Mustafá um espelho - sem essa de que são opositores -, um exemplo que tenta seguir sem nenhum carisma.

Agora várias frentes possuem pouco tempo para azeitar a salada política alviverde, que culmina nas eleições de janeiro. Tudo em meio a reta final do Brasileirão.

Mustafá (que deve indicar Mario Gianinni à presidência, ainda que este tenha negado, claro, a informação a este blogueiro), Della Monica, Paulo Nobre, "União verde e Branca" (Chapa que contém vários dos nomes da diretoria atual), outros peixes pequenos e novas uniões que se formarão daqui pra frente. É disso que o Palmeiras tratará em suas alamedas nos próximos meses.

Vão simular pixações de muro, como já pixaram. Vão usar jornalistas "compromissados" politicamente, como já usaram. Vão se acusar, se aliar, se separar.

Mas Della Monica não fica, não permanece, e o Palmeiras ganha com isso.

Como deixam?




Permitam-me falar de basquete.

Acabo de notar que o Seattle Sonics, tradicional time de basquete da NBA, acabou. Mudou-se para Oklahoma, com outro nome.

Eu "torcia" pelos Sonics na infância. escolhi uam vez pra jogar no video-game, e adotei uma fajuta devoção.

O time chegou às finais contra os Bulls de Michael Jordan. Eu cresci e acompanhei a NBA com um sorrisinho: "ah, um dia o Sonics ganha algo e eu abro uma cerveja pra comemorar".

O time acabou, e não há torcida organizada pra quebrar tudo, nem amantes para fazerem greve de fome. A franquia se desfez, e tudo bem.

Acaba-se uma parte de minha infância, de minha década de 90. Acaba-se a NBA da forma que eu conheci.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Sobre comemorar o Acesso.

Comemore, pois!

Sobre a volta corinthiana à Serie-A, não há muito a falar, pois era algo sabido a tanto tempo, que, se fosse pra escrever, já teria que ter escrito. Não há novidade no acesso alvi-negro, não há necessidade de sublinhar o merecimento.

Minha observação vai para o corinthiano que não quer comemorar. Tem alguns destes por aí. Torcedores que acham que Serie-B não presta, que não há sentido celebrar uma conquista dessas. Ainda ressentidos com o rebaixamento, querem desprezar o acesso.

Rejeitam a alegria só porque já foram tristes um dia. Pensamento tacanho. Burrice.

Mais do que burrice. O Corinthiano bate no peito para apelidar seu time de "Time do Povo".

Povo é povo, é maioria, é massa. Times do tamanho do Corinthians são poucos. Time gigante é elite, é minoria.

Serie-A é para vinte. Series inferiores, para milhares. A Serie-B representa uma espécie de "campeonato do povo", e no fundo foi Legal o Timão fazer parte dela, para voltar ao seu lugar sabendo um pouco mais do que ele mesmo representa.

É isso. Não comemorar um "título inferior" é "coisa de burguês". Tudo que o Corinthians não é.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Azulão não é Bangu, pafêro

Quando terminei de ler o livro de Flávio Gomes, chamado O Boto do Reno, onde ele conta sobre suas viagens pelo mundo acompanhando a fórmula-1, agradeci o livro (quem não fala com o livro?), pela sua generosidade em me fazer sentir-me viajante. Ter passaporte, dar uma de Dunga e convocar as peças mais importantes para a seleção de coisas de sua mala, ser chique.

Tenho dúvidas sobre a resistência do meu humor para viagens duradouras demais. Gosto de escrever bastante, de pensar, de escrever por dentro (escrevo com o cérebro, leio com o cérebro, e jogo fora em seguida), acho que me dou bem se viajar sozinho. Fazer o quê, meus poucos anos de vida, até agora, não me proporcionaram relevantes ações turísticas, ainda que o livro nos transporte de alguma forma.

Em 2001, foi a primeira vez que saí de São Paulo. Passei 4 dias no Rio de Janeiro. Um inferno. Fiquei perturbado em ter que conviver com carros cujas placas começam com K, L, M. Aquilo era um estupro à minha rotina. Peguei um congestionamento num viaduto nas Laranjeiras, que me fez sentir em São Paulo, apesar das placas. Um carioca vendia biscoitos Globo entre os carros, e comi, claro, biscoito Globo é tão tradicional quanto o Maracanã.

Essa coisa de tradição é complicada. Na praia, quis tomar o tal Chá Mate Leão, ou Limão, sei lá, o chá tradicional. O vendedor não tinha (apesar de gritar "Olha o Mate, mate leããão, ou limããão"), e só no meio de minha degustação eu notei que estava tomando um GuaraPlus. E, claro, GuaraPlus não tem nada a ver com o que eu queria. Cariocas sabem persuadir.

Dormia na Ilha do Governador, e, em quatro dias, estive em todo canto do Rio. Na Ilha, pra tomar banho, meu anfitrião apareceu com uma lista de instruções para ligar o botão, ou "butão". Jamais ouvira falar naquilo. É um tipo de cofre de bronze que fica na parede do banheiro, e, com alguma técnica, você o aciona, e só assim a água do seu banho fica quente.

Perplexo, eu até que tentei. Odeio banho frio. Odeio. Mas o tal aquecedor não ligava, fazia ruídos estranhos, e não consegui ligá-lo. Temi pela morte antes da missão ser cumprida. Ok, fazia muito calor, estávamos em dezembro, mas o banho quente é um item indispensável em minha vida de idiossincrasias.

O Rio é legal. Comi uma pizza maravilhosa, a Coca-Cola é melhor, e a polícia toma conta. Fui querer ver o cristo redentor, às 3 horas da manhã. Inadvertidamente, o Athos preto foi enfiado nas ruelas do barranco que leva ao cristo. Não sei como não morri, pois é claro que o cristo estava fechado, é óbvio que minhas opções de caminho eram idiotamente aleatórias, e, normal, dei de cara com uma turma de rapazes nada amistosos, uma cena de filme, de um Cidade de Deus. Eles tiveram dó, fizeram gracinhas, sugeriram uma volta no dia seguinte. Pude-me ver sendo carbonizado. Fuga.

A polícia cuida, claro. Um Hyundai sinistro no morro do cristo, de madrugada? Claro, no ato, entraram em ação, pararam o carro, pedindo documentos, gentilmente munidos de metralhadoras. Abre-se o porta-malas. Há um carregamento. De bolsas de couro, naturalmente, afinal era o motivo da viagem, uma entrega de bolsas de couro para o natal. Bolsas abertas. Não se acha o pó nem o pacote, nem a pedra. Não se acha explicação plausível para subir no morro. Sei lá, saí vivo.

Mas foi uma viagem bacana. No carro, tinham duas fitas. Legião Urbana ao vivo, e Furacão 2000, essa só para o caminho de volta - lembrança turística da Cidade Maravilhosa. Resumidamente, o silêncio era melhor. Estávamos às vésperas da Final do Brasileirão de 2001, e foi um choque aos cariocas saberem que eu e boa parte dos paulistas odiávamos o São Caetano, e queríamos mais é que o Furacão faturasse o título. "Azulão não é Bangu, pafêro!".

Foi nessa viagem, aliás, que ouvi sobre Robinho pela primeira vez na vida. Um amigo cujo filho era zagueiro dos juniores do Botafogo, contava sobre um amistoso, sei lá se era amistoso, jogo de juniores pra mim é sempre amistoso, em que o Santos veio ao Rio. "Um neguinho, rapaz, do Santos. Robinho. O que ele fazia com a bola... eu fiquei com dó do meu filho". 12 meses depois, o neguinho era Campeão Brasileiro.

Eu moro em São Paulo, e sou crítico da cidade. Não gosto, Não consigo vê-la muito bem. Sou míope para ela. Talvez me falte o olhar turista para com ela. Foi agora, em 2008, que estive hospedado pela primeira vez em um hotel.

Trabalho com carnaval, e, nos dias da festa de Momo, fiquei num espaçoso quarto do lendário hotel San Raphael, no centro. Espetáculo. Me embananei pra preencher a ficha. Não conseguia abrir a porta. Entrei, ufa, e não sabia como ligar a luz. Pensei, tentei, e constatei que tinha que enfiar o cartãozinho no lugar para enfiar o cartãozinho. Enfiei, e a luz ligou. E a TV ligou! Que susto. Que silêncio amedrontador, quebrado por Antero Greco comentando amenidades na telinha.

Vamos lá, relaxe, você está num hotel! Vou tomar um banho. Vejo uma banheira. Meu primeiro banho de banheira? Claro. Não acho o troço para obstruir o ralo. Improviso uma meia. Não consigo ligar o chuveiro, nem a mangueira. A maçaneta da água, ou interruptor, não sei como se chama o botão que faz ligar o chuveiro, é de uma complexidade irritante, e, quando concluo que devo puxar pra trás, puxo. E vem um jato de água gelado na minha cara. Forte, muito forte. Agora, onde esquenta essa água? Nunca soube. Odeio banho frio, abortei minha banheira. Escovei o dente numa pia de água quente, revoltante.

Chega meu parceiro de quarto, bate na porta e eu grito que ela está aberta. Descubro então que porta de hotel não se abre por fora. Acordo e demoro quase 10 minutos para descobrir que é na tal sobreloja que se come o café da manhã. Procurei discretamente uma balança para pesar minha janta, achando que era por quilo. Ri da cara de um amigo que quis jantar ás 4 da madrugada, olha olha, imagina se a cozinha do hotel está aberta. Não dei gorjeta nem deixei carregarem minha mala. Fui embora duas vezes sem deixar a chave na portaria. Um completo asno, em todos os aspectos de todas as atividades que envolvem um hóspede de hotel.

Saída da cidade, hospedagem em hotel, viagem de avião. Não faz muito tempo, fui pra Brasília e encarei uma viagem aérea. Já numa época em que adquiri certo medo por meios de transporte, coisas da vida. 900 por hora, 10 mil metros de altitude, 30 graus negativos do lado de fora do avião. E eu achando o maior barato sobrevoar Araxá, paraíso hospitaleiro onde do alto se avista o sol primeiro, segundo o enredo da Beija-Flor em 2000, eu acho.

4 dias usando terno e gravata e uma perturbadora ausência de relevo, sei lá, qualquer montanhazinha, uma escada que fosse já me era um alento. Tempo seco, o que é um chavão brasiliente, e a aprendizagem-mestra de que, em Brasília, você precisa apenas conhecer o seguinte: eixinho, eixão, tesourinha. Com eixinho, eixão e tesourinha, você se dá bem, chega onde for. A não ser que chova, pois nesse caso as tesourinhas perigam de alagar. Mal deu pra curtir, foi trabalho a beça, mas, enfim, é outra cidade, outra arquitetura, outra fala, outro jeito de apertar a mão e outra forma do garçon colocar coca-cola no seu copo. Eu detesto isso, o preço da coca-cola que eu compro contém o meu prazer de abrir a lata e colocar coca no copo. Se alguém faz isso por mim, quero desconto na minha coca-cola.

Faltam poucas coisas a se conhecer nessa vida, não? Meu próximo destino deve ser Arkansas, nos Estados Unidos. Alguma pessoa desse estado entrou no meu blog 29 vezes nos últimos 35 dias, e eu morro de curiosidade de saber quem é. Não há nenhuma, absolutamente nenhuma pista de quem seja, mas eu o tenho como um amigo. Imagino ele acordando no Arkansas, tomando aquele café-da-manhã típico do Arkansas, ligando seu computador comprado no Arkansas, e timbusca, acessando meu blog.

Esse rapaz, assim como o trio de colombianos que conheci no Parque Antarctica outro dia, fazem parte de meu pacote de intercâmbios.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Dois toques - Beckham e o Botafogo

David Beckham vai jogar no Milan por 6 meses. Um inglês especialista em marketing afirma que o clube italiano terá um lucro de 15 Milhões de Euros com essa adição em seu plantel. De imediato. Depois de 6 meses, o lucro será ainda maior. Baseia-se na "marca" do jogador, no sucesso asiático dessa marca, no diabo a quatro.

É inacreditável.

Beckham hiperboliza a realidade de que alguns jogadores dão lucro quando chegam, enquanto ficam, e quando saem. E o custo, e o prejuízo, e o equilíbrio na "cadeia alimentar" financeira?

Ainda vou entender esse processo, direitinho.

* * *

O Botafogo voltou da Argentina com um resultado horroroso pela Sul-americana. A derrota para o Estudiantes fez o sempre imbecil cartola botafoguense, Carlos Montenegro, contar que o grupo tem um racha entre Carlos Alberto e Lucio Flávio, supostos líderes de grupos internos no plantel.

O primeiro, inclusive, não foi pra Argentina e foi fotografado batendo bola numa pelada. Montenegro se mostra surpreso e diz que "nessa época do ano, sempre o Botafogo entrega o ouro". A começar por ele.

No hotel, em La Plata, o Fogão foi roubado, o dinheiro das diárias (e não dos salários atrasados) foi usurpado por assaltantes.

E desmorona o Botafogo. Parece mentira.

Choque-Rei de Empates

Em 1986, o Tricolor dos Menudos impôs seu melhor futebol diante do Palmeiras de Mario Travaglini. Pita, Silas, Careca e Sidnei controlaram o Choque-Rei no Pacaembu, que foi pro intervalo 2x1. Aos 3 da etapa final, careca faz 3x1. O Palmeiras contraria o enredo do jogo e alcança o empate. 3x3. Poucos minutos depois, Oscar faz 4x3 pro Tricolor. E Ditinho, no minuto final, determina o 4x4 que ficou pra história.

Em 1999, outro 4x4, numa partida memorável de Dodô, com gol de Rogério Ceni, em que o Palmeiras marcou quatro gols saídos de bola parada e Marcos fez a sua mais espetacular defesa na carreira, segundo ele mesmo disse recentemente.

Em 2005, no Morumbi, o São Paulo, voando baixo e campeão da Libertadores, engoliu o Palmeiras e fez 3x0 sem maiores complicações. Marcinho, aquele atacante que nunca estourou, diminuiu na primeira etapa, Gioino (!) e Warley (!!) marcaram no segundo tempo, e o Verdão de Emerson Leão buscou um 3x3 improvável, comemorado como vitória.

Agora, em 2008, um outro empate para guardar, um 2x2 que coroou um ano em que Palmeiras e São Paulo monopolizaram as atenções do futebol paulista.

Soma-se a estes jogos a Final do Brasileiro de 1973, empate em 0x0, os empates nos jogos de ida das Libertadores de 94 e 2006, e outros tantos espalhados pela história. Empates para as torcidas rivais cultuarem juntas.


O empate de 1999

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Pititi

Chego em casa, e na porta está a minha revista TRIP, cuja qual sou assinante de longa data e um fã incondicional. Uma simpática edição sobre longevidade, apesar de um ensaio fotográfico com uma anciã semi-nua.

Passei as folhas, vi nosso caro Flávio Gomes falando sobre seus DKW, vi alquimistas, profetas, mas me detive, claro, na entrevista de Ronaldo, o Fenômeno, para as páginas negras da TRIP, a melhor entrevista do país na atualidade.

A apresentação da entrevista cita o seguinte: "O abismo entre imagem íntime e imagem pública não angustia Ronaldo, embora ele se queixe da fama, observando, por exemplo, que nunca posou para a revista Caras".

A declaração, na entrevista, foi esta:

Mas eu nunca quis ser uma celebridade, nesse sentido de querer tirar foto pra Caras, mostrar meu cachorro ou sei lá o que mais. Eu queria ser um bom jogador


Perfeito. Entrevista lida. Coincidências da vida. Meu organismo trabalhou e tive que usar o banheiro. Não levo minha TRIP querida para lugar tão pouco aprazível. Lá, sentado, leio a Caras, que é muito mais a cara.

E, vejam vocês, estava lá, para apreciação, uma antiga, de abril de 1997. Na Capa, Abílio Diniz malhando com os filhos, João Paulo, triatleta, e Pedro Paulo, piloto, grande Pedro Paulo.

Primeira matéria: Ronaldo anuncia noivado e diz que Susana Werner é a mulher de sua vida.

Entre fotos posadas constrangedoras (Ronaldo sentado num cavalinho de madeira, próprio para crianças), lá está ele, o Fenômeno, brincando com seu cachorro, o Pititi.

Pois é.

Inferior Tribunal

Entrevista com Paulo Schmidt, procurador geral do STJD. Não é preciso selecionar muito além de sua declaração mais célebre, consagradora, que explica de forma clara o que os "homens da moralidade" definem como "justiça desportiva".

O senhor assiste a todos os jogos do Brasileirão?


Analisamos lances específicos, assistimos a alguns jogos, acompanhamos alguns programas e suas repercussões. Ah, mas isso é injusto? Não. Tem equipes que são mais televisionadas que outras. Quem é mais visto está sendo mais televisionado tem quebra de isonomia porque está recebendo mais. Ganha mais direito de imagem, de arena, e de transmissão. É natural cobrar melhor disciplina de quem é mais fiscalizado. Violência precisa ser coibida. Não gostou? Não cometa infração.

Não acho preciso gastar tecla e espaço em meu blog para argumentar que, por princípio e definição, a justiça se baseia no equilíbrio, na igualdade. O procurador sugere o contrário, e acha lindo. Vai à TV e resmunga, diz que o órgão que representa tem sido muito atacado, pois são "homens com vocação para a justiça".

Desembargadores, delegados, procuradores, coronéis. O futebol do país explica um pouco do país, certo? Sinto o futebol brasileiro contando sobre o país, numa tal década de 60.

ps. Os grifos são meus.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Cai o Júnior. Cai o Rival.

2007. Caio Júnior treina o Palmeiras. O trabalho é apenas digno, há chances de Libertadores, mas na rodada final, sucumbe. A alegria da torcida, entretanto, é o rebaixamento do rival. O Corinthians caiu!

2008. Caio Júnior treina o Flamengo. O trabalho é apenas digno, há chances de Libertadores, mas o time é instável e hoje estaria fora. Entretanto, há razões para alegria, pois o Vasco está perto do rebaixamento.

Sortudo, esse Caio Júnior.

Ingresso!

Se você quer colocar o Palmeiras em desordem e pânico, tanto torcida quanto diretoria, não provoque, não grite por Marcelinho Carioca ou Manchester United. Grite "Ingresso".

Mais pano pra manga foi dado nesta semana. Não só pelo óbvio tumulto na frente das bilheterias, poucos guichês, muita torcida, tempo recorde de esgotamento, mais de cem reais nas mãos do cambistas. Nada de novo.

A BWA não enviou um lote de ingressos ao programa de associados Onda Verde. "Esquecimento", diz o programa do "torcedor oficial" do verdão.

O torcedor associado tem seu ingresso garantido, por 30 Reais. Os ingressos se esgotaram, sem que este lote fosse designado. Culpa da BWA? Também. Que raio de programa oficial do torcedor é esse que deixa o rapaz sem ingresso?

A Onda Verde garantiu que, pra compensar, os sócios teriam ingresso grátis para Palmeiras x Goiás. Puxa, que recompensa.

Mas o pior problema não é esse. Sexta-feira, de noite, um comunicado aos associados informou que os ingressos estavam disponíveis. Mas não estavam esgotados?

Vou acreditar que a cota da Onda Verde foi extraviada, perdida, esquecida, mas encontrada, por sorte e em tempo. É mais razoável do que acreditar em super-poderes de algum multiplicador de ingressos, que seria, penso eu, um novo Messias, quem sabe.

Não se esqueça que a BWA é um nome de enorme, gigante importância no braço-de-ferro político-eleitoral do Palmeiras. Uma empresa que fez de seu vínculo com o alviverde muito mais do que se prevê em contrato, isso é, uma relação de cliente e contratante.

* * *
Para ilustrar com outra abordagem essa questão entre o Palmeiras e seus ingressos, posto aqui o link para um texto de minha autoria, publicado no blog do Victor Birner, após o Campeonato Paulista.

http://blogdobirner.net/2008/05/09/a-fila-e-a-fila/

Palmeiras x São Paulo, em 5 toques

As expulsões ajudaram a quem?

Num primeiro momento, o Palmeiras foi o mais prejudicado pela dupla expulsão aos 5 minutos de jogo.

O árbitro, sei lá, deu na telha, assim, do nada, de expulsar dois jogadores que se esbarraram num choque-rei.

O placar acabara de ser aberto, o São Paulo tinha o controle psicológico do jogo, e o Palmeiras teve que gastar uma substituição para descobrir-se de novo no gramado. O São Paulo já sabia o que tinha que fazer, e sua saída de contra-ataque não sentiu tanto a falta de Borges.

Porém, na etapa final, talvez fosse bacana que Eder Luiz entrasse no lugar de Borges. Na etapa final, o jogo defensivo tricolor poderia dar certo num duelo 11 contra 11. Não gostei de Jean, e interpretei que os três zagueiros foram muito para "o choque".

Eu acho que, 11 contra 11, o segundo gol do Tricolor sairia da mesma forma. Mas, 11 contra 11, não sei se sairia o primeiro gol do Palmeiras.

Jogadores Indolentes custam caro

Jogadores indolentes custam um preço. Qualquer jogador, a qualquer time. Ontem, foi Léo Lima que custou ao Palmeiras.

Léo Lima vinha sendo lucro. Seu gol no choque-rei do Paulistão foi o verdadeiro gol do título, e o gol que colocou o Palmeiras no século 21. Foi falha de Rogério Ceni? Talvez. Mas foi golaço, e Léo foi ótimo ao longo da competição.

Ontem, apesar de mal escalado, sem um par de mentalidade conservadora na cabeça da área, nada justifica sua completa desconcentração. Fez um penalty clamoroso, e errou um passe primário no lance do segundo gol tricolor.

Custa seu preço. Denílson foi bem na etapa final, ajudou a reação. Foi o herói da vez? Talvez. Quando será que vem o revés? Na minha tese, cedo ou tarde o preço por ter Denílson pode ser pago.

E o contrário é verdadeiro. Claro que o jogo de ontem é só mais um jogo da carreira de Rogério Ceni. Mas ter um jogador de real compromisso emocional com o time paga algumas despesas. A atuação de Ceni ontem é para fazer evaporar as interrogações sobre aquela falha do Paulistão.

Ninguém questiona o Muricy?

Muricy, ontem, mais uma vez, repetiu seu discurso. "Não gosto de falar de abitragem, não falo sobre arbitragem, nem quando ganha, nem quando perde, nem quando empata".

Outra vez, ninguém questionou essa ação do treiandor de mostrar-se diferente dos outros. 3 minutos, contados no relógio, de pesquisa na internet:

Muricy detona Sálvio
http://br.truveo.com/Revoltado-Muricy-detona-arbitragem/id/807791677

Muricy critica arbitragem após derrota no estádio Olímpico http://www1.folha.uol.com.br/folha/esporte/ult92u434597.shtml

Contra o Nacional, do Uruguai, na Libertadores
"Ele deixou o jogo correr demais. Não me surpreendeu, ele sempre é assim. Gosta de favorecer a equipe da casa."

Contra o Goiás, pelo Brasileirão:
"Ele não teve segurança para dar o gol. Foi até a metade do campo e dois voltou. Foi pressionado pelos jogadores do Goiás. Ficou claro que foi no grito. Eu não gosto de falar de arbitragem mas o lance do pênalti foi algo escandaloso. O pênalti não existiu."

Bem Observado, Muricy!
No entanto, Muricy Ramalho foi muito feliz, ontem, nos vestiários, quando creditou o grande duelo à semana de treinos que Palmeiras e São Paulo tiveram.

Não é uma regra, e nem acho que os treinadores fizeram mirabolâncias nestes dias. Mas é relacionável. Por parte física e mental, principalmente. Taticamente, ter treinos mais constantes e tempo para falar do adversário, certamente faz muito bem.

Não acho o calendário atual apertado ou discrepante. Mas esta observação de Muricy esteve acima da média repetitiva das coletivas atuais.

Kleber vale mais que Valdívia ao Palmeiras

Considero, definitivamente, Kleber um jogador a ser levado muito a sério pela diretoria alviverde.

Acho um tanto subjetivo falar sobre "perfil de Libertadores", uma vez que enfrenta-se muito time brasileiro para chegar no topo desta. Também acho que outros reforços possíveis citados podem ser mais habilidosos, jovens, decisivos.

Mas Kleber ocupou seu espaço. Empresta ao time uma personalidade rara. A torcida do Palmeiras, acostumada a cultuar a "Era Pedrinho", "Era Caio Júnior" e "Era Valdívia", merece mais pegada e representatividade em campo. Dessas três "Eras" citadas, só a de Valdívia é argumentável.

Valdívia foi valorizado, e, carismático, abasteceu a auto-estima verde, jogou uma bola redonda, apesar do excesso de milonga, e foi embora após o lateral Leandro lhe raspar a careca, minutos após o título do Paulistão.

Mas o chileno foi e é questionado sobre a força de decidir, a personalidade e a concentração para grandes e delicados momentos.

Kleber não pode ser questionado por isso. Ele tem uma rara inteligência, em campo, de entender os momentos do jogo. Ele cresce nas horas certas de uma partida. Seu excesso é de anti-milonga.
O Palmeiras deverá jogar a Libertadores em 2009 e Kleber ficar ou ir embora é uma informação da mais alta relevância a esse respeito.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Zenga no Palmeiras?

O bom blog do Gian Oddi, especializado em futebol italiano, apareceu recentemente com uma nota surreal. Trata-se de trechos de uma entrevista de Walter Zenga, ex-goleiro da Internazionale e da Azurra, em que ele admite desejo de treinar o Palmeiras.

Desde quando Lotthar Matthaus assumiu o Atlético Paranaense eu não pensava em algo tão sui generis.

A frase
“Todos dizem que gostariam de dirigir o Real Madrid e o Manchester, mas eu gostaria de ir ao Brasil treinar o Palmeiras.”

Por quê?
“Não sei, provavelmente porque o Palmeiras é o time mais italiano. Tem origens italianas. E eu tenho amigos como José Altafini e Darwin Pastorin, pessoas que sempre tiveram uma ligação com o Palmeiras. Talvez eu seja atraído pelo Palmeiras também porque o time tem goleiros fortes, e como eu fui goleiro… Quando você é garoto sempre simpatiza com um time, e eu era simpatizante do Palmeiras. Quando posso, assisto. Se passa um jogo do Brasileiro que tem o Palmeiras, eu vejo.”

Conhece o time atual?
“Eu conheço, mas, como sou técnico de um time da Série A, qualquer nome que eu dissesse acabaria sendo um problema.”

E o atual técnico, Vanderlei Luxemburgo?
“Eu o conheço e vi algumas coisas interessantíssimas que ele faz nas bolas paradas.”

Pretende vir assistir a um jogo aqui?
“Quando tiver uma pausa, vou certamente ver um pouco de jogos no Brasil, onde nunca estive. Mas o fato de eu simpatizar pelo Palmeiras não quer dizer nada. O time tem um ótimo técnico e portanto ele continuará.”

O link
http://colunistas.ig.com.br/abolanabota/2008/10/08/o-mister-e-o-palestra/

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Pitadas

Amigos, a falta de atualização esta semana se deveu a problemas tecnicos, mas não se acostume, não será sempre assim. Tive trabalhos que me desconectaram, faz parte, e ainda bem que o blog entende, o blog aceita, o blog não tem deadline. Explicada a desventura, darei pitadas de coisas que pensei ao longo da semana.

*A Fórmula 1 está me lembrando o Brasileirão. Toda corrida, agora, acaba nas mãos dos tais comissários, dos homens que julgam as imagens. Porém, o Brasileirão está abusando, se aproximando do limite.

*Gremistas (e, a qualquer dia, flamenguistas, saopaulinos, palmeirenses...) temiam e tomaram múltiplas punições - daquelas que sabemos que serão abrandadas. Este blog considera ridícula qualquer interferência do STJD que não seja em caso de agressão de interpretação unânime, de ocorrência ululantemente injustificável.

*Tcheco foi suspenso por bater boca num Gre-Nal - quer coisa mais normal que isso? Carlos Alberto, do Botafogo, deu uma provocada "maliciosa", e tomou punição enorme, em nome de algum moralismo que o futebol NUNCA se propôs a representar.

*Lembre-se que esta interferência do STJD não existe em nenhum outro lugar do planeta - como também não existem as faltinhas que os árbitros marcam por aqui. Me parece retórico questionar quem está certo, o Brasil do STJD ou o resto do mundo.

*Lembre-se, também, que se Garrincha passasse a mão na bunda do zagueiro, só pra provocar, e Quarentinha batesse boca com os rivais, seriam citados hoje como exemplos de irreverência e garra.

*O moralismo de araque vai se alastrando. Fez-se polêmica porque uma torcida organizada mandou flores para o CT do rival. Na década de 50, isso seria encarado com menos amargor por alguns profetas do apocalipse. Quanta cólera...

*Adriano suspenso na Seleção. Joga Pato ou Jô? Este blog escala o Jô.

*Entre Jô, Pato e Robinho? Este blog escala Jô e Pato. Pato vive hoje do que será no futuro, Jô é só um bom jogador, mas qualquer time sério não pode ter Robinho. Juro por deus.

*Nem Dunga. Nem torcida que vaia aos 20 do primeiro tempo.

*Este blog, para finalizar, se opõe a Affonso Della Mônica, presidente do Palmeiras. E também se opõe, claro, a Mustafá Contursi e suas filiais de carne e osso, que, já faz algum tempo, travam uma surreal disputa interna no clube, onde, como diria Silvio Luiz, ninguém é de ninguém - e alguns são de todo mundo.

*Simplesmente porque, à parte a sapiência de Della Mônica em se juntar a nomes importantes e figuras arejadas (das quais, muitas, esse blog apóia), o atual presidente está para Mustafá Contursi assim como eu estou para o espelho de meu quarto.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Papo Com o Iamin - Edição 2

Eis que a segunda edição do tal "Papo com o Iamin", que é de um nome sumariamente óbvio e sem sal (aceita-se sugestão), está no ar.

Sempre eu, e sempre Paulo Junior, este rapaz de idéias e argumantações tão claras e bem ditas. E que sabe fazer slides de fotos como ninguém. Dessa vez, especulamos sobre Seleção Brasileira, sua veia, sua cor, sua verve.

Paulo Silva Junior, 20 anos, palmeirense, é graduando em jornalismo, graduado em cornetagem futebolística e planeja um mestrado em "Rivaldo foi melhor que Maradona".

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Brincando de Sr. do Destino

Fiz uma brincadeirinha. Usei o gostoso simulador de tabela do site da Globo, e considerei a tabela já computando os jogos em que EU considero barbada, isso é, selecionei, daqui até o fim do campeonato, 12 jogos que eu vejo com poucas chances de dar zebra.

Nesses jogos, computei um protocolar 1x0 para o time favorito. Só observei jogos dos 5 primeiros colocados, que estão na briga pelo título.

R29
São Paulo x Náutico
Flamengo x Atlético - MG
R31
Grêmio x Sport
R33
Grêmio x Figueirense
Flamengo x Portuguesa
R34
Portuguesa x São paulo
Cruzeiro x Fluminense
R35
São Paulo x Figueirense
R36
Palmeiras x Ipatinga
R37
São Paulo x Fluminense
R38
Grêmio x Atletico - MG
Cruzeiro x Portuguesa

Classificação
Grêmio, 65 pontos (32 j)
São Paulo, 61 pontos (32 j)
Palmeiras, 57 pontos (30 j)
Cruzeiro, 55 pontos (30 j)
Flamengo, 55 pontos (30 j)

Interpretação:
-Aos times de baixo, principalmente o Palmeiras, é usar os dois jogos a menos para voltar à disputa. Com estes 6 pontos, mais os confrontos diretos e a torcida por uma zebra nos jogos citados por mim como barbada, há campeonato.

-Aos times de cima, sobretudo ao Grêmio, cumprir os jogos-barbada é muito valioso e deixa o campeonato com suas cores. No entanto, os jogos a mais que esta tabela computa não lhe permitem zebras.

-E aí? Dá pra levar isso em conta?

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Mandou mal, Vilaron! Muito mal!

Wagner Vilaron, jornalista dos mais conhecidos da atualidade, escreveu, em sua coluna de hoje no Diário de S. Paulo, uma resposta à carta de um leitor com a seguinte frase:

Desculpe, mas minha formação me impede de discutir futebol do ponto-de-vista do torcedor. Afinal, não posso abrir mão da sanidade


Caro Vilaron,
Não vou me apegar a fatos periféricos de sua coluna (que chama, por exemplo, a carta do leitor de "fala Corneta", mas vá lá, a coluna é especulativa, provocativa e pretensamente informal, então tá legal), que costuma ter, inclusive, algumas insinuações divertidas e interessantes.

Porém, faço questão de representar uma outra turma. Sou jornalista, sou torcedor. Me formei, ao longo da vida, estas duas coisas. Me formei torcedor lendo jornalistas. Não por nada, mas apenas porquê as coisas não são dissociáveis assim, como você sugere. E sobretudo porque, se o assunto é futebol, não há ponto-de-vista mais valoroso e importante do que o do torcedor - ou o jornalista acha-se mesmo tão indispensável na tarefa de dar opinião, mostrar ponto-de-vista?

Aliás, como leitor, jornalista e torcedor, eu posso também sugerir que esta infeliz resposta veio do seio preconceituoso e arrogante de sua personalidade profissional, que se julga, "por formação", alguém mais esclarecido e preparado para dialogar do que o rapaz que está na arquibancada, o torcedor, que também é uma representação do povo, um retrato de quem o lê.

Típico e triste exemplo do jornalista que, por ato falho ou convicção, se coloca acima do pensamento popular, apenas por ter um diploma e um lugar para escrever - e quantos escrevem tantas bobagens. É mesquinho considerar que haja um vão tão grande entre as opiniões de uma classe e de outra. O jornalista apura, documenta, informa, e isso o difere. Seus pontos-de-vista, no entanto, seguem como simples opiniões de um simples mortal.

Este blog se coloca frontalmente contra este tipo de pensamento externado por Wagner Vilaron. E se quer saber, me sinto muito mais são quando sou torcedor do que quando sou jornalista. À parte o fato de, sim, muitos torcedores usarem o teclado do computador para gritar seu vazio de discernimento, não é o seu papel, Vilaron, esvaziar uma classe.

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Atualização, 14h35, dia 8: Wagner Vilaron me respondeu. Educadamente, explicou que eu interpretei de forma errada algumas coisas. Ele cita que o torcedor troca a razão pela emoção. E que é isso que ele quer dizer quando não abre mão da sanidade. Ele cita "Sanidade" como sinônimo de "razão", ao passo que a emoção seria representada pela insanidade. Explicado. Ainda acho uma má escolha das palavras. Mas explicado. Valeu, Vilaron.

sábado, 4 de outubro de 2008

Papo com Iamin

Agora tem mais essa.

A tecnologia facilitou as coisas e este blog agora contará com um canal regular de áudio.

É o Papo com o Iamin, entre eu, é claro, e Paulo Júnior, cujo nome eu recomendo para os olheiros do jornalismo esportivo - ouça e e veja, ou melhor, ouça e ouça, que o garoto é fera. Paulo Silva Junior, 20 anos, palmeirense, é graduando em jornalismo, graduado em cornetagem futebolística e planeja um mestrado em "Rivaldo foi melhor que Maradona".

São 13 minutos de papo divididos em duas partes que poderiam ser privadas da publicação, posto que é um piloto, ainda nem tem vinheta (mas veja só que absurdo, a vinheta ainda nem está pronta, você vai pensar), mas qual a vantagem de ter um blog livre se não for para publicar um piloto?

Parte I


Parte II

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Vida de Libertadores

-Mas você vai no jogo, nessa chuva???
-Sim! Nessa chuva! Não é fantástico?

Estão subvertendo valores. Não quem dá a resposta, mas quem faz a pergunta. Vivo em uma cidade onde, cada vez mais, só é permitido trabalhar, sério e sóbrio de preferência, sem floreios, sem romantismo, sem papete-com-meia. Começa-se a acreditar que ir ao estádio de futebol é mesmo uma via crucis, e o esforço é para se adequar à cidade: não se divirta.

Aí, ontem, Palmeiras e Áncash jogaram. Jogo internacional, inédito. Vem os perseguidores do mundo ideal sem essência, e te dizem que: o horário é ruim; o jogo não vale nada; o time do Palmeiras é reserva; tá chovendo; vai passar na TV; violência, é antes do quinto dia útil, doença de chagas, a Lua em Saturno.

Pois os que pensam isso são chatos objetivistas insensatos. Quer ver? Dou o lado otimista da moeda: ingresso com desconto; estréia do grande Roque Júnior; chuva (se não acha isso um ponto favorável, espere a Arena ficar pronta, e vá de terno e gravata ao estádio); Primeiro jogo internacional após anos; Chance de abraçar o time por assumir a liderança nacional depois de anos; em caso de jogo ruim sem gols, pelo menos teriam os penaltys.

Esse mal é moderno. Querem do futebol uma definição que não se encontra assim, sem o coração e o peso das coisas relativizadas. Deterministas, querem muitas seguranças, querem aconchego, não se lembram mais dos conflitos de adolescente que são, nos fins, sempre tão saborosos. Estão atrás de certezas, atrás de jogos de seis pontos, caçadores do importante "de fato" - como se as coisas realmente importantes fossem pautadas assim, com tons oficialistas, com tinta pragmática.

Não valia nada? Valia menos ainda ficar em casa. Não era uma Libertadores? A questão é tu te libertares da burocrata idéia de que o bom só existe em condições ideais de clima e temperatura, em situação de gorda recompensa, de vasta repercussão.

A essência do futebol está escondida nessas escuras e desinteressadas noites. Curtir o time é o importante, mas curtir a ti próprio é a essência. Ser irresponsável, molhar-se, passar frio, correr pelo ônibus final. Isso é sair da linha normal, porém nunca sair desta normalidade me soa como triste auto-sabotagem.

A gente acaba acreditando demais e chega a hiperbolizar a má realidade de nosso futebol e nossos estádios. Isso não é primeiro plano, quando em questão está a chance de tu fazeres de uma noite de "inhaca", uma noite que lembrarás daqui muitos anos. A gente também acaba dando valores e signos demais ao jogo A ou B.

E se esquece que fazer algumas coisas por mera liberdade e otimismo vale mais que qualquer campeonato de qualquer lugar.