quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Essa coragem toda e tola


O Palmeiras 100% entrou em campo concentrado para enfrentar o atual campeão, fora de casa, pela Libertadores. Parada dura, ainda mais para um time que carece de maturidade, posto que é começo de temporada.

O Verdão esteve bem. Edmilson conseguia ser uma sobra flutuante, uma vez que, pautado na marcação individual de Pierre em Manso, o sistema defensivo cuidava bem das movimentações do ataque equatoriano, que, nesse tempo, não trabalhou jogadas e só tinha as laterais do campo como opção.

Mas Pierre segue o mesmo. Pierre precisa melhorar, e muito, se quer de fato ser considerado um jogador de ponta. Aguerrido e faminto, é incapaz, porém, de fazer uma marcação intensa, individual, sem se queimar. Manso precisou de 18 minutos para amarelar o camisa 5.

E depois disso, Manso jogou muito, muito mais que Pierre. Deu o passe do primeiro gol, tirou o Palmeiras do relativo conforto, habitou a cabeça da área verde. Pierre viu navios, e rezou para ver outro volante ao seu lado. Mas, pior, viu foi um zagueiro a menos.

Luxemburgo ousou. Tirou o também pendurado Maurício Ramos, no intervalo, já que o time perdia, 2x1, graças a outra falha lamentável de Marcos, o segundo nessa Libertadores. Mesmo com a recompensa do empate aos 3 da etapa final, o Verdão seguiu um time exposto demais nessa etapa.

Porque Pierre, como dito, já pendurado e mal em campo, virou presa fácil de um LDU que avançava com bola, com Urrutia, com todo o seu meio-campo, trabalhando com competência, colocando bola nas costas dos laterais, com Bieler aparecendo facilmente após primeiro tempo apagado, atacando e, veja você, ao mesmo tempo, dono também dos contra-ataques.

Marquinhos, que entrou no lugar de Maurício, mudando o esquema tático para trazer volume no ataque, simplesmente não jogou. Sua displiscência já desagradou. Nas três vezes que atuou pelo time, mostrou-se indolente, no mundo da lua, crendo que sua pretensa habilidade resolve algo. Preguiçoso como Dorival Caymmi, sem a poesia de Jorge Amado, não convenceu a torcida que , ao falar de atacante baiano, lembra-se de Oséas e da Libertadores 1999.

E é assim, cheio de espaços, que Manso faz 3x2, numa cobrança de falta linda. O Palmeiras, dessa vez, não acha recursos para voltar pra briga. Está bagunçado, não recupera a bola. Nem Lenny nem Evandro mudaram o panorama, mas isso já era de se esperar, pois entraram, os dois, fora de posição, ao lado de companheiros ilhados em campo, rifando a bola (Armero) ou querendo resolver sozinhos (Diego).

Luxa foi corajoso, mas mandou mal. Como era previsível, no jogo em que o time foi cobrado na defesa, faltou um volante. Foi nobre mas vão o ato de sacar um zagueiro, mudar-se para o 4-4-2. O resultado é normal, é o jogo mais difícil da primeira fase para o Palmeiras.

Isso só não pode servir para que o time se resigne e deixe pra lá algumas falhas infantis, de ordem tática e comportamental. Pois, além do supracitado, Edmilson fez falta desnecessária que deu em gol, e Armero agrediu Urrutia no primeiro tempo.

Caminho longo, Palmeiras.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

duas dicas de parceiros

Meu amigo Gabriel Brito, em seu blog que começa a viver, faz uma brilhante, mas brilhante mesmo, avaliação sobre os fatos ocorridos domingo, no Morumbi, entre torcedores.

É corinthiano, e não destila um "ódio de coitadinho". Compreende as ações do São Paulo. Mas avalia o Tricolor, assim como avalia, de maneira irretocável, a postura da Polícia Militar.

Seu texto faz a devida crítica, sobretudo, ao trabalho da imprensa. Que constrói suas verdades em cima de fontes oficiais, como Gabriel mesmo coloca, e ajuda a asfixiar a identidade do torcedor, sem precisar usar gás de pimenta.

Ele estava presente, ele é um torcedor. Se ninguém dá ouvidos para torcedores, que você perca 10 minutos, agora, para dar olhos a este relato. O texto é longo, mas vale a pena.

Tem gente que, ao ler este texto, não vai acreditar que foi escrito por um sujeito que estava alí, no meio da Gaviões da Fiel.

Afinal, torcedores são todos vândalos que não sabem falar, não sabem se expressar...

O texto, aqui.

* * *

No novíssimo blog de Kadj Oman, o "Vai, Lateral!", que é um espaço obrigatório para quem quer fugir da superficialidade generalizada na análise sobre torcidas, há, na recente postagem que encontras aqui, um trecho que preciso destacar, em nome da definição desse espaço, que é filho dos anos 90, tempo em que as arquibancadas eram divididas nos clássicos paulistas.

Kadj Oman faz uma divagação crítica sobre seu estádio ideal, o estádio que ele não encontra em São Paulo.

"Meu outro estádio precisaria de uma outra cidade.
De um outro país.
De um poder que fosse, de fato, público.
E enquanto meu outro estádio está longe, meu estádio atual é cada vez menos meu.
Porque eu, dialeticamente, não consigo ser eu mesmo sem ter do outro lado o outro.
Que me arrancam aos poucos.
De dez em dez por cento."


É para arrepiar-se.

Marcão, contratado pelo Palmeiras: gostei

Quando a secretária da Conmebol já guardava seu carimbo, veio o Palmeiras e inscreveu Marcão, defensor que era do Inter e já foi do Furacão.

Com quem conversei, a opinião e a impressão dominantes é a de que Marcão é grosso, presepeiro, pouco confiável.

Eu tenho uma opinião diferente. Marcão realmente não é um grande jogador, nem sua experiência é assim tão alentadora.

Em 2008, Luxemburgo acertou o time, por algumas rodadas, atuando com Martinez como zagueiro pela esquerda.

Edmílson tem atuado de uma forma singular em 2009. Um líbero à frente da zaga.

Acho que Marcão pode ir muito bem como zagueiro pela esquerda, nos moldes de Martinez em 2008, com saída de bola e bom posicionamento.

E apostaria que Marcão faria de forma razoável um substituto de Edmílson, que atua com o cérebro, preenchendo espaços à frente da zaga.

Por isso, eu acho que foi uma boa contratação.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Enquanto falamos da violência

O estádio do Morumbi pareceu mal planejado para o clássico.
A Polícia não está apta para a Copa.
Nem o estádio.
Prometem reformas no estádio.
Mas como tem sido raro ler alguma crítica à polícia.
Torcedor Organizado virou um termo do nosso folclore.
É um sinônimo de agressor, de opressor.
Porque dá alguns péssimos exemplos.
E porque perde espaço quando não usa sua bandeira para questões importantes.
É possível ir ao estádio de futebol SIM, sem se deparar com violência alguma.
Basta detectar onde está a fatia realmente violenta da arquibancada. E evitá-la.
E ter a sorte de não dar de cara com alguma ação polical desastrada.
São esses os dois perigos. A torcida do adversário já não é o maior medo.
Mesmo que esteja em 90%.

E enquanto falamos de violência, o jogo teve um lance importante.
Túlio dá uma braçada em André Dias.
O bandeirinha não levanta a bandeira.
No tempo certo de um replay de TV, o árbitro recorre ao bandeirnha.
Usa o argumento de que foi chamado via rádio.
O bandeirinha teria visto a agressão e contado ao árbitro.
Mas não levantou a bandeira.
O mesmo torcedor que é o assunto do dia, precisa ver as sinalizações claras da arbitragem.
Sinal de rádio não mostra lisura.
Bandeira apontada pro chão significa que a vida segue.
Não foi o que ocorreu. Alguém viu pela TV e contou pro árbitro? A suspeita é válida.
E lamentável.

Uma pergunta infame

Quando escolhe-se um conselho deliberativo, do que estamos falando?

Um conselheiro, por definição, dá conselhos.

Quem delibera, delibera e pronto.

Quem delibera não precisa aconselhar.

Um conselheiro deliberativo tem um cargo que, em tese, se auto-anula.

Não é?

E após o Carnaval, quando este blogueiro terá mais tempo para viver, perguntas menos imbecis vão aparecer.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

one question

Até quando o Campeonato Paulista, em suas primeiras rodadas, servirá de parâmetro para técnicos serem demitidos?

Heim Santos? Heim Lusa?

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Muitas palavras sobre divisão de torcida

A situação é delicada. Pode ser tratada com tinta de praticidade, mas é delicada.

Antes de tudo: ninguém trata dignamente o torcedor. Nem o próprio torcedor se trata com dignidade.

Esperar que o São Paulo, ou qualquer clube, pense, cheio de bondade, no conforto do torcedor visitante, é como querer que a TV Globo pense nos torcedores quando ajusta horários de partidas.

A Globo já quis ajudar o futebol brasileiro, e passaram-lhe a perna, no fim da década de 80. E, antes do clube, a federação, a confederação, a polícia, a empresa que cuida do guichê, as torcidas organizadas e outros setores também precisam rever o tratamento a se dar ao torcedor, tanto o local quanto o visitante.

Digo isso pra mostrar que entenderia uma ação danosa ao visitante feita por qualquer clube, em troca de benefício próprio. Claro, preferiria que fosse diferente, mas, no nosso futebol de hoje, não condeno ações egoístas, já que ninguém é obrigado a ter a grandeza e a generosiade de acreditar em algo ou alguém relacionado ao nosso futebol.

Isso posto, devo dizer que sinto saudade dos tempos de guichê único. Era comprar, e pronto. Na hora do jogo, a corda e os cavaletes iam cedendo espaço para a torcida que tivesse comprado mais. Era sempre uma surpresa. Era gostoso e democrático.

E era melhor uma corda que um ferro, ou um vidro à prova de bala. Torcedor não é animal.

Acontece que esse expediente cabe em estádios como Morumbi, Mineirão e Maracanã, que possuem uma compleição física favorável. Mineirão e Maracanã são públicos. O Morumbi, não.

Na Vila Belmiro, no Parque Antarctica e no Pacaembu, com arquibancadas assimétricas, não é possível fazer o mesmo esquema dos estádios citados acima. Não é nenhum absurdo, então, imaginar que o SPFC pode sentir-se prejudicado, por ter seu estádio e dividi-lo, ao passo que quando visita Palmeiras e Santos, fica espremido, e quando vai ao Pacaembu, tem só uma cabeceira.

Trata-se do assunto essa semana como se fosse uma novidade. Não é, já fazem alguns anos que clássicos na cidade, fora do Morumbi, possuem divisão diferente de 50/50%. O que, aliás, semanticamente, já queba meu desejo romântico do passado: o esquema do guichê único, onde quem comprar mais empurra a corda pro lado adversário, não prevê porcentagem alguma. 50/50% já é uma divisão, por definição.

A forma de conduzir a notícia está errada. Nossa cidade está traumatizada. Somos o túmulo da arquibancada, como diz meu amigo corintiano Gabriel Brito. Nada pode, nem faixa, nem bandeira, nem um sanduíche na entrada. Gabriel é um exemplo de torcedor comum, que vai a todos os jogos. Todos. Que acreditou que seria recompensado por isso, por acompanhar o time na serie-B, e que agora veria seu time por cima, com ou sem Fenômeno.

Mas aí, Corinthians x Palmeiras foi pra Presidente Prudente. E Corinthians x São Paulo, ele não achará ingresso, pra não falar de segurança. Contra os rivais, está excluído. Contra o Mirassol numa noite de quinta-feira, ele estará no Pacaembu, fiel, pagando o alto preço pelo péssimo serviço do Pacaembu. É justo?

É o tipo do caso em que entendo todos os lados. Portanto, o tipo do caso em que eu tendo a imaginar um meio-termo.

Acho razoável, num jogo que se prevê de enorme público corintiano, deixar uma cabeceira, atrás do gol, só pro torcedor alvinegro. No caso contrário, acharia razoável o Tobogã ser tricolor. O SPFC quer dinheiro, o futebol cobra isso de todo time. O Palmeiras e o Santos "abriram mão" de dinheiro para terem o fator campo contra o São Paulo.

Mas o São Paulo, diferente do que fez nos mil anos que se passaram, está disposto até a não lotar o Morumbi, contanto que sua torcida seja maior, e que isso acentue o fator campo. No Brasileirão e no Paulistão foi assim contra o Palmeiras.

Tem muita letra aqui em cima, e poderia ter muito mais. É um assunto que evoca tradição, bom-senso, política, segurança, torcidas organizadas, dinheiro. E que permite muitas interpretações, todas elas com certa dose de razão.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

O Palmeiras e o azeite

Há um novo parâmetro para o Palmeiras. Após sete vitórias em sete jogos no ano (seis no campo e uma nas urnas), goleando quando foi preciso, sobrando em jogos fáceis, vencendo na marra com o time reserva, faltava o clássico, e o Santos foi pulverizado em 30 minutos, tendo o Palmeiras perdido a chance de manter o ritmo e enfiar históricos seis ou sete.

Desde que Luxemburgo concordou que não eram favoritos à Libertadores, mídia e público se resignaram. Mas também tiraram o peso das manchetes, das coberturas. e o Palmeiras se montou sem alarde. Ignorando protestos de organizadas e placares de jogo-treino. O grupo e a comissão resistiram ao ácido processo eleitoral e ao contundente trabalho midiático de lembrar o mundo que os rivais tem o tri e tem o fenômeno.

Keirrison chegou atrasado, Edmilson chegou sem dar certezas. E o parâmetro mudou. O time agora precisa buscar a Libertadores. Até uma semana atrás, o Palmeiras era o time do Paulistão que, na Libertadores, chegaria perto de algo apenas na base de um sacrifício improvável para o jovem grupo.

Agora, não. "Opa", dissemos todos. "O Palmeiras tem azeite". O Verdão já criou a expectativa que não criara durante a pré-temporada. expectativa gera cobança. Esqueça o que Luxa falou. O Palestra, a partir dos 30 minutos contra o Santos, se deu o direito de ser candidato à Libertadores. Pra valer. Mais ambição, mais rigidez nas análises. Não é pessimismo útil. É entender que o status alcançado por esse plantel verde vai demandar afinação constante.

Então, vamos lá. Edmílson não tem substituto de características, e não ter o camisa 3 é perder substância tática. Não se entenda que ter Edmilson é ter um híbrido, ter um 4-4-2, ter dois volantes. Não é. Quando for preciso defender-se, quando o adversário precisar mais do gol, o Palmeiras terá que recorrer a dois volantes. Quem sai? Willians, e perder velocidade? Diego, e perder o passe e a cadência? E o Marquinhos, joga, e ao jogar, muda o estilo?

Jéci ainda é lento, a ala direita ainda não tem solução das boas. E o Parque Antarctica, vai ser fechado mesmo? A casa verde será o Pacaembu? Isso importa muito. E Keirrison, será que fica no Palmeiras até o final da Libertadores? Não duvide disso, nada mais é impossível no nosso mercado e eu não estranharia uma coisa dessa.

E São Marcos? E o clima ao redor de Luxa? E a tabela ingrata desde a primeira fase?

Comemore, palmeirense, mas preocupe-se. Agora, mínimos detalhes são muito importantes. É o que acontece com quem alcança o status de favorito.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Os árbitros desumanos

A Pré-Libertadores me fez, de uma vez por todas, observar neste espaço uma questão a respeito da arbitragem brasileira.

Anzoátengui x Cuenca foi um jogo de raríssima deslealdade. Com lances que, de tanta truculência, causaram sorrisos em quem assistiu. Pachuca x Universidad de Chile também foi pegado, faltoso, teve agressão e empurra-empurra, e terminou num pontapé cinematográfico de um mexicano num chileno.

Veremos em 2009 o auge do STJD e seu show demagogo, que faz justiça com uma metralhadora automática nas mãos, e joga os árbitros numa frigideira ainda mais quente.

O jornalista Vitor Birner lembra nesse post de lance ocorrido no jogo do fim de semana entre Liverpool x Chelsea. Concordo com tudo, é a análise correta pra mim. Lampard foi expulso em uma jogada plasticamente forte, mas que, à luz dos replays, se mostrou diferente.

O que escreveria aqui, é o que Birner escreveu lá. Quem cuida da justiça não precisa, necessariamente, de punho firme e ego inflado, ou qualquer outro sintoma de auto-defesa diante da insegurança. Não tem problema nenhum em errar.

Sou contra a profissionalização do árbitro de futebol. Porque não aceito a idéia de que um "amador" seja pior, em via de regra, que um "profissional". Muitas vezes não é.

Adoraria ver um jogador de time de ponta que trabalhasse em outra coisa fora dos treinos e dos jogos, igual fazem os árbitros.

Profissional ou amador, quem executa uma função precisa assumir suas limitações. Desonesto não é só quem rouba. Desonesto é quem pratica algo que não sabe, se propõe a algo que não consegue. Seria desonesto eu abrir uma loja para consertar video-cassete.

Por isso me incomodo com um árbitro que tem, ainda que um mínimo que seja, receio de admitir erros em campo. Na condição de humano, é desonesto tomar posição dessa naturza. Conviva naturalmente com seu erro. Trabalhe para minimizá-lo. Seu eventual diploma não te garante nenhum acerto a mais. Me parece razoável pensar assim.

No Brasil, as imagens de TV, tão polêmicas, servem pra punir, pra chocar, pra denunciar. Nunca serviram pra que um árbitro pedisse desculpas por um erro.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Aviso aos navegantes

Amigos,
Para quem não sabe, eu trabalho com a comunicação do evento do carnaval paulistano. Ao saber isso, tu deves imaginar que são, agora, os dias dias mais corridos de meu ano.

Isso explica a rareada de letras nesse espaço. Mas calma. Me entendam. Em breve vem uma nova entrevista nessa parede, e em breve ela volta de vez aos trabalhos.