terça-feira, 31 de março de 2009

Acima Assinado

Kadj Oman é um amigo de atos diferenciados. Em todos os cantinhos da vida.
Seu blog está aqui nos indicados.
E sua mais recente epopéia virou, com justiça, notícia.

É simplesmente genial: acompanhem aqui

segunda-feira, 30 de março de 2009

desculpas

O tempo e a vida estão num momento delicado e que me tiram um pouco da leitura dos noticiários, e da produção de textos, e da vida virtual como um todo.

É por pouco tempo. Perdoem a escassez.

segunda-feira, 16 de março de 2009

A sala

Eu tive um lugar, que não é nenhuma arquibancada, que me serviu como um banco de faculdade, que me ajudou, me formou um amante do futebol. Devo a esse lugar boa parte do que e de como aprendi a raciocinar o esporte.

É a sala do meu melhor amigo. Eu não tinha TV a cabo. E, por assim, dizer, eu também não tinha pai. Em 20 minutos eu estava na casa dele. Era fascinante, o campeonato italiano, inglês, espanhol, mil replays, uma Tv à prova de Faustão. O pai do meu amigo era Nápoli, era Colônia, o irmão dele era Dortmund, e ele era Liverpool. Era saudável. Eles eram corinthianos, eu, o oposto. Igualmente saudável, e alí, com eles, assisti a mais de um Derby.

O pai do meu melhor amigo é jornalista. Nós viramos. Naquela sala, a gente jogava futebol de botão nas noites, e era o adulto, o pai, que fazia as tabelas. No computador do quarto, o simulador de futebol era dividido com todos. A mesa da cozinha dele já foi gol. O quintal já foi campo. Mas falo da sala. É a sala que me toca.

Eles me deixaram viver grandes maratonas futebolísticas, sempre com a maior generosidade do mundo. Eu não queria ir embora, eu pressionava minha mãe para ter a bendita TV a cabo em casa. TV a cabo, leia-se futebol europeu. Por ver menos, eu sabia menos. Eu me esforçava para acompanha-los nas acaloradas discussões naquela sala. Eles tinham umas revistas importadas, uma coleção de camisas extensa, que assim, falando, até parece que eu tinha inveja.

Pois bem. A casa está vendida. O pai já não mora lá. Ainda assim, foi com eles que assisti, domingo que se foi, ao Derby do Ronaldo. Tinha que empatar,por nós. E, ao empatar, tinha que ser do Ronaldo - naquela sala, vibrei com Ronaldo nas Copas do Mundo, nas raras chances que tinha de torcer pro mesmo time que eles.

Uma semana depois, e é aniversário do pai da casa. Jantar na casa dele. Um pouco de cerveja, e o sono. Acordo às 3 da manhã. desço pra sala. O pai está dormindo no sofá. Eu mudo de canal. Não acho um jogo. Mas contemplo a sala. Lembro do tempo que tive alí. Me permito ir à geladeira, pego um refresco, sorrio me exergando sujo de quintal, moleque, alí no sofá. Volto, e logo meu amigo também acorda. São 3h30 da manhã. Ele aperta o botão do controle remoto. E está passando um teipe do Arsenal.

Ele não viu, mas caiu uma lágrima. A mesma que cai agora ao escrever. Eu estava alí, assistindo, talvez, ao último jogo naquela sala. Um jogo absolutamente desimportante, como tantas centenas que assistimos juntos.

Ao fim deste, é verdade que vimos outro teipe, do Palmeiras, e, no domingo, vimos trechos de alguns outros jogos. Mas é do jogo entre Arsenal e Blackburn que jamais vou me esquecer. E veja só, sem fazer força: foi com eles que soube que o fim da fila do Arsenal virou livro, filme, Febre de Bola. Foi por eles que soube que a título do Blackburn, em 95, significou o fim de um jejum de mais de 50 anos.

Mais uma coisa que se vai de minha vida. A casa onde eu mais respirei futebol. Valeu demais.

segunda-feira, 9 de março de 2009

Ronaldo


Sai o gol de Ronaldo.

Claro que dói, ao torcedor do time oposto. O meu, no caso.

Dói pelo gol. Mas um gol num clássico em que o Palmeiras está confortável com o empate. Não é tão ruim assim.

Paulistão, primeira fase, olha, os motivos de tristeza são todos muito pequenos diante da história por trás do gol. Eu confesso que, com a cara fechada, pensei em mil poesias, e admirei.

Pela TV, ví um comentarista, após Luxa criticar a arbitragem, dizer que é preciso ser generoso nessa hora, e lembrar de Ronaldo. O cara da arbitragem na Globo disse que não era pro Fenômeno tomar cartão amarelo pela comemoração.

Calma aí. Primeiramente, acho normal o treinador adversário, que está trabalhando, ficar cego para a poesia do gol rival. Lembro do gol corinthiano em 2001, no Paulistão, contra o Santos, de Ricardinho. Geninho, treinador santista, invadiu o campo e nunca soube explicar a razão do ato. Ele ficou cego. Luxa também ficou e eu acho válido.

Assim como também concordo que Abade, o árbitro, pode dar o cartão amarelo sem ter que lembrar-se da história de vida do amarelado. Não é obrigação dele ser sentimental.

A torcida alviverde, aquela que era formada, no começo de tudo, por imigrantes, comemorava o tal "silêncio na favela". Tudo normal, não vejo juízo de valor num canto desse, até porquê a própria nação corinthiana trata o termo com nobreza, e não como um insulto.

Mas foi a moldura perfeita, esse canto dos palestrinos, para o quadro do suburbano que colocou-se um passo acima do maior clássico do Brasil.

Pra mim, Ronaldo está no mesmo patamar de Cruyff, Eusébio, Di Stéfano, e outros nomes imortais.

Pra mim, história de vida, como a de Ronaldo, só a de Garrincha e a de Maradona.

Foi o gol do Ronaldo. O corinthiano comemorou por Ronaldo. E o palmeirense ficou menos triste, porque não foi propriamente um gol do Corinthians. antes de tudo foi o gol do Ronaldo.

Homem a quem todos querem bem.

Alguma sobservações do Derby


-A piada é ótima, aquela que diz que o Ronaldo, de tão pesado, derrubou o alambrado. Quando ouvi a gracinha, por um segundo esqueci do tamanho da cena. Quantas metáforas cabem numa cena daquela? A torcida correndo em direção ao alambrado, e o homem lá, no pico do mundo, em cima do arame. Imagem inesquecível.

-Da mesma forma, o clima mudar em P. Prudente, justo na hora do segundo tempo, chega a ser engraçado. No sol escaldante, com o tempo abafado, seria temerário colocar o Fenômeno. Mas veio a ventania, fechou o tempo. E Mano só precisou dar um tapa nas costas do homem.

-O Palmeiras, como eu previa no começo da temporada, veio com dois volantes, além dos três zagueiros. Xavier não faz a função de voltar bem, o Verdão sabe que fica exposto. Pierre jogou mal, outra vez, e bem mal, a despeito de parte da torcida que o idolatra. Um primeiro tempo sem criatividade, Keirrison teve que sair da área, Diego se desdobrou, mas os riscos defensivos foram poucos. Um cobertor de mendigo.

-O Corinthians, outra vez em outro clássico, fez uma espécie de boicote ao primeiro tempo. Contra o São Paulo foi semelhante. Time armado de forma muito dura, sem participação dos laterais, nem apoio de volantes, como Elias, que poderia ter explorado, por exemplo, o setor alviverde pendurado desde o começo do jogo. Jorge Henrique jogou 10 minutos e só, errou demais.

-A falha grotesca do goleiro Felipe mudou o jogo. Presente para o Palmeiras, que errou ao optar pelo contra-ataque através da saída de Diego Souza, que estava achando espaços. O Timão fez, agora sim, três trocas ofensivas. Aí, sim, Elias ficou solto. Aí sim, entrou no jogo. Um erro, pois poderiam ter feito coisa melhor na primeira etapa, onde o Palmeiras estava mais duro que o Corinthians.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Desideal

Existe um quadro que o palmeirense julga ideal e possível: exorciza os demônios e se vinga do Sport, vence os dois jogos contra eles. Enquanto isso, LDU e Colo-Colo ganham seus jogos em casa, cada um leva 3. Fim de quatro rodadas, todo mundo com seis pontos.

Seria uma salada gostosa pro Palmeiras. Mas é o quadro ideal, e não o provável.

Se você notar que os quatro jogos restantes para o Palmeiras, na Libertadores, serão nas mesmas semanas das partidas decisivas do Paulistão, pode contar com um Palmeiras à flor da pele. Um Palmeiras que fará, talvez, 8 jogos (os quatro da Libertadores e eventuais quatro finais de Paulistão) importantíssimos. Conte com um Palmeiras cansado.

Um Palmeiras no limite. Que tende a chegar na fase final da Libertadores, nesse quadro, sem muitos recursos, sem muitas reservas. Como foi em 2005 e 2006, nas derrotas para o São Paulo.

Analisar o quadro ideal também tem das suas "desidealidades".

quarta-feira, 4 de março de 2009

Mancha

Palmeiras x Colo-Colo. Taça Libertadores da América.

Alheios ao jogo desde o começo (provocou risos a tentativa bagunçada e nada criativa de encaixar o nome Keirrison em uma melodia), os 50 ou 60 mocinhos da Mancha Verde, aos 30 minutos de jogo, começou a cantar:

"É, dia 8! É, dia 8! É, dia 8!"

Alusão constrangedora ao clássico de domingo entre Palmeiras e Corinthians. Que, por mais importante que seja, é um jogo do Paulistão, algo que deve ser ignorado no meio d eum jogo importante da Libertadores. Sobretudo com a partida 0x0.

No fim do jogo, após a derrota aplicada pelos chilenos ao clube da casa, os mesmos mocinhos cantaram que "Luxemburgo só ganha paulistinha".

Contraditório, já que, se o dia 8 vale mais que a Libertadores, então é Paulistão, não Paulistinha.

Estranho, já que, na Final de 2008, eu passei 18 horas numa fila totalmente violada pela Mancha Verde, desesperada com os ingressos para assistir a Final do Paulistão. Ou seria do Paulistinha?

É claro que a coisa é generalizada. Os amendoins velhos de sempre vaiaram cada vez que o Edmílson pegou na bola, desde o terceiro gol chileno. Jogos de Libertadores lotam qualquer estádio de alienados esportivos.

Mas os sociólogos haverão de tentar explicar os atos da Mancha Verde na arquibancada.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Voltando. E com a BWA

O blog ficou parado uns dias em razão do carnaval, tempo esse em que trabalhei integralmente. Outra vez pedindo desculpas, e voltando, enfim, com uma "novidade":

O Palmeiras fez uma inteligente promoção para os jogos da primeira fase da Libertadores. O pacote com os três jogos em casa saíam com desconto.

Sábado, dia de Palmeiras x Guaraní, movimento grande na Rua Turiassú. Logo, portanto, obviamente, uma ótima oportunidade para vender esses pacotes num número bacana.

Das 10h às 16h, foram vendidos 20 pacotes. Um a cada 18 minutos. Não foi por falta de compradores. Foi por falta da mínima competência da empresa BWA.

Teve gente que largou a fila de 4 horas (!!!) porque Palmeiras e Guarani já estavam no gramado do Palestra Itália, ao menos esse jogo o torcedor haveria de assistir.

Sensacional.