Na Fórmula 1, é próprio do torcedor confundir o "seu piloto" com um herói sem pés de barro. O cara está lá, "sozinho", com roupa de astronauta, numa máquina inalcançável para nós, meros mortais.
Daí a gente interpreta como comum o sentimento dilacerante, de dó e dor, que o brasileiro entrega para Felipe Massa, após perder o título da forma mais incomum possível nos registros históricos.
É verdade, foi um fim de corrida impactante, que comeu uns minutos da Rodada do Brasileirão, de tão incrédulo que fiquei ao fim da peleja automotiva.
Mas me permitam ser um pouco conservador. Hamilton foi conservador, a corrida não teria sido essa se a tabela não fosse aquela. Não é isso que eu quero falar, mas vale citar que o inglês, se perdesse, perderia por uma infelicidade inominável (como em 2007), e não porque ele não era capaz de ser mais do que sexto lugar.
É preciso dizer que Hamilton esteve na conta de seu chá inglês.
Mas o que quero dizer é outra coisa.
Ano passado, após perder o título de forma surreal, Hamilton foi visto, de noite, numa boate paulistana, dançando e cantando.Devia estar triste, perplexo e tal, mas a vida seguia.
Agora é Massa que perde "na última volta". Parte o coração ver as mãozinhas com luvas secarem as lágrimas dos olhos emoldurados no capacete. Esse gesto humanizou o piloto. Que bom.
Não foi a morte de um herói. Foi uma derrota. Apeguemo-nos no que Massa disse assim que a corrida acabou. Isso é esporte, tem que saber perder. Na certa ele jantou com a família, e deve ter sorrido bastante, relaxado, pois o dever está cumprido.
Vai doer nele, daqui 20, 30 anos, quando, nos momentos solitários, ele lembrar que uma chance única de ganhar em casa foi perdida numa circunstância única. Vai doer pra ele, quando lembrar que uma festa que lhe transformaria em mito, virou espetáculo de compaixão com um humano.
E essa dor é só dele, a gente não tem nada com isso. Também não temos nada com a alegria dele na janta de domingo. O que a gente tem a fazer é encarar os fatos, como se encara em todo esporte. E esquecer esse desejo oculto e mórbido de transformar um competidor em um representante de coisas muito maiores - e lamentar, com chiliques e histerias, o fato de não termos um novo ícone divino para "distorcer torcendo".
Ele foi vice-campeão. Tantos outros já foram, meu time já foi, que pena, e a vida segue.
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Um comentário:
O Massa fez uma excelente corrida, mas infelizmente não foi o suficiente. O que aconteceu com o Massa foi impressionante, inacreditável, mas isso é coisa do esporte e tenho certeza que o Massa vai seguir firme e forte para a próxima temporada.
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