Nesse domingo, Portuguesa e Palmeiras se enfrentam no Pacaembu. Dois adversários tradicionais num palco ideal para as lembranças do passado. Minha avó me contava que, quando era moça, pedia pro meu avô levá-la ao Pacaembu para assistir Palmeiras e Portuguesa.
Minha avó gostava do contraste único das camisas e bandeiras vermelhas e verdes dos dois times.
Um romantismo que não posso ter, hoje em dia, com minha noiva. Primeiro porque ir ao estádio hoje não é tão simples. E, depois, que hoje em dia, sempre alguém tem que macular seu calção ou seu meião por conta da chata regra das cores diferentes - isso quando não aparece um time de verde limão!
Amigos corintianos que vão ao Pacaembu com mais frequencia me alertaram pra algo que vem ocorrendo nos jogos lá, e devem desgraçadamente virar moda. Barraquinhas de pernil, isopor de cerveja, churrasquinho de mini-grelha, nada deve estar na porta do estádio.
O futebol de hoje, idealizado por desembargadores, coronéis e delegados, repreende a tudo, em nome da ordem. Até o calção do seu time tem que se adequar à ordem. Não vou chover no molhado, mas apenas sugerir que se pense no quão adaptados estamos a este novo e detestável rigor hipócrita.
Assisti essa semana a um teipe da Final Paulista de 1993. 104 mil pessoas, separação por cordas, numeradas realmente mistas, bandeiras, fogos. Tudo que hoje não pode em São Paulo. Relatos de corintianos contam que kombis vendem lanches "em movimento", para não configurar venda "ambulante", na porta do Pacaembu. Surreal.
A mesma ordem excessiva que coloca o STJD como mãe e madrasta do futebol mimado que temos, está cada vez mais estabelecida na forma cotidiana de se ir ao estádio de futebol - sem que, com isso, lhe resolvam o problema de comprar em paz um ingresso.
No resto do Brasil, as bandeiras não são, ainda, relacionadas ao crime. Em São Paulo, falta a cor das bandeiras, ao passo que virou de suma importância que cada estádio seja dividido por cores de setores. A cidade de São Paulo está se tornando o túmulo das arquibancadas, e se adaptando a isto de forma muito veloz.
Parece pouco, mas a extinção da barraquinha de pernil é a perda de mais um território onde pessoas de bem curtiam uma ida ao estádio nessa cidade, onde, cadavez mais, só é permitido trabalhar.
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Um comentário:
Salve Leandrão, amanhã é o dia do clássico e nada melhor do que o tradicional Pacaembu para receber as nossas equipes.
Infelizmente, nem o jogo, nem o Pacaembu têm aquele tom apaixonante do passado, mas, mesmo assim, se trata de um dos mais tradicionais clássicos desta cidade.
Que venha o clássico das colônias.
Abs
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