segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Palmeiras sem TV

Da segunda metade da década de 70 até o fim da de 80, produzimos nossas primeiras imagens de ótima qualidade, de fôlego, profundidade e bastante replicadas.

Antes disso, muitos gols, mas poucos compactos, poucos teipes, pouca nitidez. Depois disso, os "tempos modernos", que, mesmo que seja reprisado, não tem o mesmo glamour.

Essas imagens dos anos 70 e 80 são deliciosas. O áudio, os rojões e as bandeiras simples nas bancadas, as formas de narração, os uniformes mais tradicionais, imaculados e sem calções misturados, o visual dos atletas, a bola, a rede, tudo! É sempre um deleite ver essas imagens.

Formam as novas gerações de amantes do futebol, que assistem a isso para entenderem o presente.

Pois bem. Ao palmeirense, é aflitivo notar que esses anos "áureos" do romantismo visual com o "rec" ligado foram anos de nenhum título.

Imagens como Serginho Chulapa fazendo o gol de 84 pelo Santos, ou o calcanhar do Sócrates em 82, o carrinho de Viola em 88, os Menudos do São Paulo de 85, a década de Zico no Maracanã, são, todas elas, formadoras de nossa relação afetiva com a bola.

E essa época, embora tenha o mesmo peso histórico das outras, é mais repetida, mais vista, com mais carga emocional. E isso agride um pouco o palmeirense.

Primeiro, porque os dois Brasileirões conquistados pelo Verdão, em 72 e 73, foram, desgraçadamente, com dois 0x0, e não há muitas boas imagens sobre isso, tampouco dos Robertões e Taças Brasil de antes.

E, sobretudo, de toda essa safra deliciosa de imagens saborosas, o palmeirense tem 3 pequenos "grandes momentos": a despedida de Ademir da Guia, o 4x1 sobre o Flamengo no Maracanã em 79, e o gol feito pelo juiz José de Assis Aragão, em 83, num Palmeiras x Santos.

É como se o hiato de títulos palmeirense tivesse acontecido justamente na época mais reprisada.

É uma questão estética importante, contribui para a formação do caráter do novo torcedor, que tem nas cores e nuances dessas imagens algo como uma aula, uma conversa com o avô.

Um golpe de azar, de certo. A fila de 23 anos do Corinthians não é rica em imagens. Mas o título, em 77, é um documento que qualquer arquivo de Tv possui na íntegra, o que contribui, inclusive, pra mística da conquista.

O Palmeirense precisa sa resignar por isso, ou esperar que as imagens da década de 90 se tornem velhas.

Mas, mesmo assim, é diferente. A primeira geração altamente gravada e televisionada de nosso futebol foi ingrata ao Palmeiras.

Nenhum comentário: