Desculpa se eu ultrapassar o limite do bom gosto em minha metáfora. Mas tenho uma comparação a fazer sobre a relação entre Palmeiras e Vanderlei Luxemburgo.
Quando você tem uma namoradinha bonitinha, sensível e compromissada, e ela, na hora da transa, te nega fogo, não se sente à vontade, você releva, deixa tudo bem, tranquiliza a menina. Porém, se você está no meio de um flashback com uma mulher mais velha, cuja qual você teve relações passadas que beiraram a vulgaridade, esta ao lhe negar fogo, será destratada no ato.
Há quem veja Caio Junior nessa posição de "namoradinha honesta", pois o Palmeiras parece que perdoou a temporada de flagrantes fracassos sob seu comando. Eu prefiro só jogar luz sob a condição de "namoradona desgastada" que Luxa ocupa no alviverde. As passagens na decada de 90 foram lindas, saborosas, como um começo de romance. Mas os fins não soaram fieis, deixaram marcas. Demorou a reconciliação. Veio em 2002, mas aí o novo desmanche foi traumático demais. Parecia definitivo. E o Palmeiras quis tentar de novo.
Se você deixou passar essa metáfora, vou abusar, tentar ir um pouco mais fundo. Imagine que o Palmeiras é uma pessoa, um homem. Solteiro faz algum tempo. Precisando dar suas namoradas. De repente, aparece uma boa grana em sua casa. Ele pode gastar à vontade. E recorre ao serviço profissional do sexo. Abre mão de sua religião, de seus princípios básicos de relacionar sexo a afeto, mas ao menos sana sua primitiva vontade.
Não, por favor não liguem a imagem da prostituta a ninguém em específico. Mas imaginem um Palmeiras que precisava ser campeão. De qualquer forma. E de repente, ganhou dinheiro aos montes. E trouxe um sujeito controverso para ser técnico. Sua missão era tornar o time campeão. O Palmeiras, assim, em troca do caneco, abriu mão de seu orgulho próprio, de sua identidade, não quis saber muito de cuidar da alma e dos princípios - era o título que interessava.
Para essa missão, Luxa é o nome certo. Ele sabe ser campeão. E ele é mestre em fazer o time perder brilho próprio a medio prazo. Sua relação é "profissional" até demais. Promíscua, de tão profissional. Pois quem tem tão pouco afeto por algo, não pode ser um profissional sincero. Luxa fez o Palmeiras campeão, mas agora a torcida está sentindo falta daquele Palmeiras mais resoluto e vibrante, um Palmeiras mais característico, típico, que ostenta sua fibra.
E esse Palmeiras não ostenta. As derrotas fora de casa dão margem a outra metáfora. O namoro nunca vai pra frente quando é tratado como mero ato de comodismo. E o Palmeiras de hoje adora o comodismo de seu estádio, ao passo que odeia o conflito e o incômodo dos jogos agudos, fora de casa. Não é à toa que o Palmeiras de Caio Junior era melhor fora do que em casa. E os momentos de desinteresse com a vida que o Verdão atual demonstra trazem ao palmeirense uma estranha saudade de outros tempos - quando as vacas eram magras, mas tinha olho no olho.
Luxemburgo segue exercitando seu "profissionalismo". Desvalorizando e depois encorajando Valdívia a dar adeus. Convencendo a imprensa com um mantra surreal de que "profissional tem que ver seu lado sempre", enquanto torcia por uma ligação vinda de Lyon, Milão ou qualquer outra capital européia. Deixando a nova camisa enfim esmeraldina marcada por atuações tão indiferentes que mereciam o verde água desbotado de tempos de Serie-B e ASA de Arapiraca - sua maior derrota dentro do Palmeiras .
Mas aí é como disse certa vez Claudio Carsugui. Reclamar que Vanderlei Luxemburgo trabalha sem identificação com o clube é "como comprar um terno preto, e um mês depois reclamar que o achou escuro".
ps. Bem vindo ao meu Blog!
7 comentários:
Testando comentários :P
Os fãs exigem atualização constante.
Excelente reflexão. Particularmente como bom gremista, estou adorando os tropeços do Palmeiras fora de casa, principalmente se o tricolor continuar a somar pontos fora de suas cercanias. Sobre o Bill, o talento é nato. Textos belíssimos e que exalam sinceridade e paixão. Parabéns.
Sensacional
Parabéns pelo texto Bill!
E pelo blog também...
Parabéns pelo Blog e, principalmente, pelo seu talento! Já pelo seu time... ainda bem que não posso dizer o mesmo!
Saudações Tri-campeãs Mundiais!
Rafael
Porra, eu nem sabia disso?
Nota mil!!!
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