segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Estudiantes x Palmeiras. em 2005?


HISTÓRICO E OBTUSO
Estudiantes e Palmeiras se enfrentaram em 2005, mas no Brasil, ninguém ficou sabendo. Procuramos os motivos para o silêncio que esconde uma grande história alviverde


Por Leandro Iamin e Gabriel Brito

4 de agosto de 2005. No Estádio Jorge Luis Hirsch, em La Plata, um volumoso e entusiasmado público comemora a marcação de um penalty a favor do Estudiantes. Pode ser o empate de uma partida quente, até então com um gol solitário no primeiro tempo. Na linha de fundo, Deola, goleiro do oponente, o Palmeiras, está acuado na frente de uma arquibancada irresponsavelmente próxima ao campo, e diante de Carrusca, com a camisa 10 e pronto para a cobrança na seca e fria noite platense.

O clube brasileiro dirigido por Wilson Macarrão está sob xeque-mate, e, com um grupo jovem, estrelado por atletas como Francis e Thiago Gomes, pode não conseguir reagir a tal revés. Estamos no segundo tempo e buscar um desempate pode ser demasiado perigoso.

Carrusca bate, balança as redes, jogo empatado. Por um segundo. O árbitro Horácio Elizondo apita invasão de campo, sem dar ouvido aos protestos. Ele foi rigoroso. Rigorosidade que só se pede aos árbitros nos grandes jogos. Carrusca de novo. Deola solitário e espremido entre energias rojiblancas. Agora vai.

Carrusca cobra, Deola acerta o canto e defende, e o Palmeiras consegue manter-se na dianteira, num 1x0 bastante truncado, e, de certo, heróico, posto que o clube argentino se aprontava para iniciar o Campeonato Argentino Apertura, no qual foi muito bem, inclusive com rescaldos de sucesso na Libertadores do ano seguinte, quando, mantendo a base, foi eliminado pelo São Paulo, no drama lotérico dos penaltys.

Deola, quando defendeu a penalidade de Carrusca, cumpriu, ainda que sem tal pretensão, uma significativa missão a favor do alviverde, a de, com algum atraso e tomada as devidas proporções, aplicar a revanche pela Final da Libertadores de 1968, feita entre os dois, mas vencida pelo time de Mar del Plata, com Verón e Fucceneco superando os insuperáveis Ademir da Guia e Dudu, numa finalíssima disputada em Montevidéu.

Mas alí não era Libertadores. Nem Sul-americana, nem Mercosul, nem Conmebol. Era uma data festiva, onde o Estudiantes, comemorando seu centenário, convidou as camisas verdes do país vizinho para um flashback, chamou um dos seus maiores adversários na vida para apagar sua centenária vela em grande estilo: testando a própria força, se propondo a competir em alto nível mesmo quando o dia podia ser de festa diante de um adversário meramente figurante.

É como uma partida de "entregas de faixas". Não se pode perder, pois que senão, fica aquela manchinha, aquele incômodo, o chopp fica aguado, a valsa toca fora de tom, a sinfonia parece ficar inacabada. Por isso, a atmosfera era eruptiva. Um jogo insubstituível, e com momentos de violência, posto que houve uma troca de empurrões em alta altura da cronometragem, e 3 jogadores expulsos. Deu Palmeiras, para satisfação dos garotos e um discreto deleite de diretores de velha-guarda. Los Pinchas, derrotados, foram ainda assim ovacionados pelo público, e com justiça, pois foram honestos ao escolher um clube grande para medir forças em campo, e fidalgos ao tratarem os brasileiros com o máximo de atenção e respeito, do lado de fora do gramado.


Gol do Palmeiras?

No dia seguinte ao jogo, passeando por Buenos Aires logo após o desembarque no país, Gabriel Brito olha uma TV numa lanchonete, e, curioso, observa os lances. Não adianta a paisagem de um país novo: se há uma TV com futebol, é para lá que os olhos juvenis se viram. De pé, Gabriel assiste a Bruninho, lateral direito, tramar jogada pelo meio e passar para Francis, que chuta com violência a gol, contando com um desvio na zaga que encobre o goleiro e termina em gol. Gol do... Palmeiras? A legenda intrigou: "Estudiantes 0x1 Palmeiras". Um dia antes ele estava no Brasil, e podia jurar que o Palmeiras não tinha ido para a Argentina coisa nenhuma. Muito menos em Agosto, no meio do Brasileirão. Rápida apuração, e era aquilo mesmo. Tratava-se do Palmeiras, só faltava entender em quais condições.

Em São Paulo, os jornais se dedicaram a falar sobre o choque-rei da noite. Leandro Iamin devora um dos diários, para ler tudo sobre o Palmeiras e São Paulo de logo mais. O tricolor campeão da Libertadores, na crista da onda, com Amoroso e Lugano, e o Palmeiras analisado com ceticismo, apostando em Gioino e Marcinho. Nos sites e programas de TV, um bom destaque é dado para Emerson Leão, que era técnico do São Paulo, saiu pelos fundos e agora treinava o Verdão.

Naquele dia, no anterior e no posterior, o máximo que alguém conseguiu ver nos periódicos nacionais foi uma ou outra nota, sem foto ou manchete, informando secamente que o Palmeiras-B foi à argentina para participar do Centenário do Estudiantes. Nada pautado com pompa, apenas um jogo, nada mais.

Mas... Palmeiras-B? Os argentinos sabiam disso? “Palmeiras llegó a La Plata con mayoría de juveniles”, afirmou o Diário Hoy, de La Plata. Por lá, a derrota foi para o bom e velho Palmeiras, ainda que com tal ressalva, e Gabriel Brito testemunhou pessoalmente. Já em São Paulo, falou-se todo o possível a respeito de um saboroso 3x3 entre o Verdão e seu eterno inimigo, quando estes venciam por 3x0, e cederam o empate no fim do jogo, num golaço improvável de Warley. Palmeiras-B na Argentina? Por aqui, foi como se o time juvenil tivesse visitado o Qatar em busca de amistosos insossos: passou batido.


Cadê o jogo no jornal?

Na vida de um grande garoto passam muitos trabalhos, muitos amigos, muitas namoradas, pretendentes, experiências, e nem sempre dá tempo de dar a atenção justa a todas estas coisas. Na vida de um grande clube senhor, o mesmo acontece. E o que a imprensa noticia é uma espécie de reflexo disso. Para o factual imediato que alimenta e nina o jornal diário, realmente não parece razoável ir à Argentina ver um amistoso, quando se tem um grande clássico do lado da redação. Ainda assim, tratou-se de um encontro com a história, que o Palmeiras, com "B" ou sem "B", teve a chance de ter. E isso não é pouco. Não nos encontramos com nossa própria história assim tão facilmente.

As últimas grandes matérias feitas por brasileiros em solo argentino foram 3 meses antes desse jogo, e por motivo bem menos nobre do que o flashback do centenário: Leandro Desábato, zagueiro do Quilmes que hoje, por sinal, defende o Estudiantes, estava numa grande encrenca por conta de um lamentável episódio envolvendo racismo e o jogador Grafite, então no São Paulo.

Um caso que foi grave, mas, sobretudo, só se tornou tão mais sensacional porque foi alvo de uma cobertura demasiadamente carregada de adjetivos e exclamações por parte dos brasileiros. Não precisava colocar tantas questões filosóficas, políticas e sociais naquele caso. E pudemos pensar que esse processo de um fato se tornar obscuro ou vir à tona com força e categoria, passa por um caminho um pouco lotérico, um tanto imponderável.

Como se fossem penaltys a se cobrar, e a se defender.

Pesquisando na mídia argentina, encontramos relatos que reforçam as experiências in loco que Gabriel Brito tinha na memória. Assim escreveu o Clarín.

“Alrededor de 20.000 personas colmaron el estadio de 1 y 57 para darle colorido y emoción al festejo de los cien años de Estudiantes de La Plata. La ceremonia incluyó premios para varias glorias del club y un partido amistoso (que de amistoso sólo tuvo el nombre) ante el Palmeiras de Brasil.

El partido se jugó tan en serio que Horacio Elizondo, quien dirigió el encuentro, debió expulsar a tres jugadores (Pavone (E), Ortiz (E) y Belem) por juego brusco. El encuentro finalizó 1-0 para el conjunto brasileño y el gol lo marcó Everton a los 25 de la primera etapa.

Sin embargo, la fiesta se vivió antes del partido. Numerosas banderas y bombas de humo de color rojo le dieron marco al ingreso a la cancha de Juan Ramón Verón, el símbolo de aquel equipo conducido tácticamente por Osvaldo Zubeldía que marcó un hito en la historia del fútbol argentino”

O texto do Clarín aponta o zagueiro Belém como expulso pelo Palmeiras. Mas o Diario Hoy de La Plata, em contrapartida, anota o cartão vermelho para Wendel. Com a palavra, o próprio Wendel: “Fui eu mesmo o expulso, mas não foi direto não, foi por dois cartões amarelos”. O Diario Hoy aponta para uma expulsão direta. “Não lembro de lances violentos ou desleais no jogo”, trepida a memória de Wendel, que entrou no segundo tempo e atuou apenas 14 minutos, até ser expulso. Vejamos o que diz o relato da publicação Diário Hoy, de La Plata.


“Estudiantes no estuvo futbolisticamente a la altura de la circunstancia. El equipo albirrojo adoleció de juego y perdió ante el Palmeiras, en el partido por los festejos del centenario. Frio y poco fútbol, un cóctel poco atractivo para la gran cantidad de publico que se acercó a presenciar el primer amistoso del equipo de Mostaza.

(...) El once paulista manejó mejor la pelota, especialmente en el primer tiempo, a través de las proyecciones de Bruninho e Francis. Se notó la diferencia entre un equipo con rodaje y en plena competencia y otro que todavía está atado y saliendo de la pretemporada (...) Quizás el dato más importante haya sido que Merlo probó con línea de tres en defesa ante la ausencia del Tucumano. No funcionó del todo bien, porque se notó que el sistema no está trabajado.

(...) Podría haber llegado al empate a través de um penal que ejecutó Carrusca. Primeiro lo convirtió, pero Elizondo lo anuló por invasión de campo. en el segundo intento se lo atajó el arquero paulista (...) El juego se fue degenerando con las expulsiones de Ortiz y Pavone, y aunque posteriormente Palmeiras quedó com diez.”


Aos garotos, a exposição

Wilson escalou um razoável time. Deola, Bruninho, Junior, Vitor Hugo e Everton; Thiago Gomes, Francis, Zé Forte e Marquinho; João Paulo e Tom. Um time em que poucos tiveram efetiva chance no Palmeiras, mas muitos se profissionalizaram com alguma relevância.

Para essa garotada, a conexão desse jogo com a Final de 1968 era muito distante. Wendel se recorda. "Alguns diretores que foram conosco na viagem nos contaram do passado do jogo e ficaram felizes quando ganhamos". É natural que um jogo internacional, aos olhos de um garoto, seja valioso, e por muitos motivos. A vida dele está começando, o futebol está apontando o futuro para ele. E ele é que não vai ficar apegado aos anos do passado distante. A realidade mostra que o capitão da Seleção Brasileira nada sabe sobre a Final da Copa de 58, e trata-se de uma falha cultural consumada na comunidade dos boleiros. Porque um atleta do Palmeiras-B se emocionaria com uma Final de 1968?

Quem viveu, se emocionou. Chico Primo, conselheiro que foi chefe da delegação na viagem à Argentina, conta com carinho da ocasião, bem como da trajetória verde como um todo na Argentina. “Foi lindo, nosso time ganhar foi belo porque o argentino respeita muito a gente, sabe por quê? É que uma vez o Di Stéfano e o time combinado de River Plate e Boca Juniors usou nosso uniforme (foto acima), e isso é poesia para os ouvidos deles. Não tem como não ficar feliz com uma vitória daquela.”

Chico se referiu a um jogo no ano de 1948, em que o Palmeiras cedeu os uniformes para um combinado de River Plate e Boca Juniors, quando se marcou uma partida amistosa dos dois contra a Seleção Paulista. Jogadores de um não vestiriam a camisa do outro, e a solução foi usar a camisa verde.

Esse tipo de saudosismo saboroso que Chico Primo destila em altas doses atinge, de um jeito ou outro, a cabeça da garotada, mas sequer divide a hierarquia de prioridades deles. "A gente sabia da responsabilidade e via a importância daquilo, mas o jogo era importante para nós porque buscávamos ser vistos pelos olheiros e ser bem falados pelos diretores. Estávamos no B e tínhamos que mostrar serviço, além do prêmio pela vitória, que era bom", revela Wendel, que, mesmo desastrado na Argentina, subiu ao time principal, poucas estações depois. Segundo Chico Primo, o clube recebeu 20 mil dólares pela partida, e parte disso foi dada aos vencedores da contenda.

A História oficial

O jogo passou pelo tempo de forma discreta, escondido, à sombra. O departamento de história do Palmeiras, inclusive, não considera o jogo como oficial, já que foi feito pelo Palmeiras-B, ainda que, pelos registros do time argentino, não haja tal distinção. Compreensível e coerente registro, embora, sentimentalmente, seja um equívoco. Este jogo foi sim feito pelo Palmeiras, com todas as letras maiúsculas.

Chico Primo, o sagaz representante oficial da direção do Palmeiras na viagem,
É um compulsivo e quase folclórico contador de histórias. No entanto, sua riqueza de detalhes e suas participações quase onipresentes nos acontecimentos que relata nos pediram algumas verificações na história oficial da viagem.

Ele conta que na saída do Jorge Luis Hirsch, conhecido como "1 y 57" (nome da Rua e número do estádio albirrojo), algo inusitado deu aos brasileiros a dimensão daquele evento para La Plata. Torcedores do rival Gimnasia simplesmente apareceram na festa em que obviamente não foram chamados, e quiseram azedar o bolo de Los Pinchas. As duas barras inimigas respingaram violência até na jovem e inocente delegação palmeirense, que sofreu para deixar a cancha. "Sobrou pra mim que tomei uma varada de bambu na cabeça, saindo do estádio em uma praça. Aquela confusão pegou todo mundo desprevenido", conta Chico.

Relatos de torcedores afirmam que cerca de 6 mil torcedores ficaram em frente ao estádio, após o jogo, esperando dar meia-noite para festejar de novo. Não encontramos registros acerca deste confronto com a torcida rival, mas, se Chico conta, algo aconteceu, mesmo que com os descontos dos deslizes de memória. Primo nos contou, por exemplo, que o gol da vitória foi marcado por Everton, e que Zé Forte não tinha viajado com a delegação (quando foi perguntado se procedia a informação de que o atleta havia sido desligado do Palmeiras nessa viagem, por chegar embriagado ao hotel). E, na verdade, o gol foi de Francis, e Zé Forte não só estava presente, como foi titular da equipe.

Quanto à embriaguez de Zé Forte, nada se comprovou, e pouco se insistiu na apuração. Desimportâncias.

Naturalmente que, no final das contas, Estudiantes e Palmeiras disputaram um amistoso. Não foi a coisa mais importante da vida do Palmeiras. Não foi o maior pesadelo dos 100 anos do Estudiantes. Na seqüência, o alviverde fez uma rigorosa serie de partidas pelo Brasileirão que consagrou uma volumosa reação, culminando na classificação à Libertadores. Los Pinchas conseguiram honrar o ano dourado com um quarto lugar no Campeonato Argentino.

O tempo passou, como sempre, rápido, e no ano seguinte, mal começado, eles já estavam na Libertadores. E a Terra foi girando, jogos foram se sobrepondo. Deola foi emprestado ao Guarani, Pavone foi um dos grandes goleadores no Clausura de 2006. O Palmeiras voltou à Argentina, foi à Rosário, empatou com o Central, e o Estudiantes veio até Goiás eliminar o time candango no Serra Dourada. Não consta que se encontraram em nenhuma viagem.

Não deu tempo. Ninguém teve tempo para sentar e desfrutar desse interessante capítulo da história verde. Se alguém teve tempo, certamente não teve o jornal, bonitinho, ilustrado, em português, para conferir. Ao menos, agora, teremos as letras deste texto.


* * *
Fotos:
-Jogo, ficha técnica e torcida pincharrata - Jornal Diario Hoy
-Combinado River/Boca - Depto de História do Palmeiras
-foto do time do Palmeiras -
www.palestrinos.com
-Distintivos - www.distintivos.com.br

9 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns, textos como esse emocionam. Deu pra sentir o frio argentino daquela noite! Ser palmeirense é diferente, é ter tradição, é poder falar: - meu vó não me deixou nada, meu pai não me deixará nada, mas honestidade e torcer para o Palmeiras, Graças a Deus, isso eles me ensinaram. Se eu ainda jogasse botão, meu próximo time seria esse River/Boca/Palmeiras. Obrigado!

Ricardo Cavalieri disse...

Leandro, Parabéns pela Matéria.
Adoro as histórias do nosso Palestra. O Palmeiras é de longe, o time do Brasil que tem Histórias com "H" maiúsculo. As mais lindas passagens de um time, são do Palmeiras, troca de nome, evolução de símbolo, glórias maiores, quedas incríveis, já fomos até Seleção Brasileira contra os maiores rivais da época e ganhamos. Ouvi muitas histórias do meu pai e hoje as conto para os meus filhos. Continue com esse blog maravilhoso.

Anônimo disse...

Leandro, ótima estória.

Concordo com o Alexandre e o legado de nossos avos.

Hj sei que ele vibra no ceu a cada vitória heróica palestrina!!

Pinho disse...

Beleza de narrativa Leandro.

senti falta dos devidos créditos das fotos.

e a última, não consegui visualizá-la num tamanho maior.

saudações alviverdes.

Anônimo disse...

Belo texto Leandro.

Abraços,
Favela.

José Ribeiro Junior disse...

Leandro... fui nesse estádio em janeiro de 2004. Uma pena que não tinha jogo por lá em janeiro...

a triste nota fica por conta da prefeitura de La Plata q não permite mais jogos nessa cancha... só naquela moderna construída por eles mesmos...

aí vai um link para fotos dele:
http://www.flickr.com/photos/juze1980/2175776330/in/set-72157603661581187/

Anônimo disse...

Leandro, gostei do blog, vim pelo do Juca, e sou parmera tb.
Agora, eu já vi esse texto em outro blog.
No 3VV, talvez?
É seu mesmo?

Um abraço!

Anônimo disse...

Exato, Guilherme. Tive a honra de ter publicado esta matéria lá também.

Unknown disse...

Oi gente, eu soy torcedor de Estudiantes de La Plata. Eu lembro desse jogo.
Só voy Fazer una correção: meu time é de La Plata, não de Mar del Plata como você diz.
Eu goste muito de sua narrativa.
Un abraçaço!