segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O Personal e o Paternal

Estava conversando com um amigo minutos atrás, sobre o tema.

Ambientes paternalistas te confortam num primeiro momento.

Mas te reprimem a personalidade no momento seguinte.

Não há como ser personalista num local onde não há oposição, não há cobrança.

Porque paternalismo, só de pai.

Paternalismo profissional não é gratuito.

Quem te protege muito, vai te cobrar no futuro.

E uma cobrança cruel: que tu sejas como ele idealizou.

O paternalismo te deixa em dívida. Não te deixa rebelar-se, exaltar-se.

Só cresce quem tem a sorte de enfrentar um desafio, uma pressão.

Fernando Pessoa: Deus ao mar o perigo e o abismo deu. Mas nele que espelhou o céu.

Você só existe num ambiente a partir do momento que se personaliza, que se propõe a usar a sua tinta, que sugere um trabalho cujo qual alguém há de se opor.

E para isso, um ambiente que só afaga certamente vai significar fracasso.

Indo ao mundo real dessa divagação:

Entendo que Kaká vá para o City. Se ele compreender que o desafio é importante, mais que as críticas que virão sobre a opulência cega da transação. Interpreto o Milan como um time paternalista demais. O City não é exemplo do contrário, mas estaria o Milan, assim, tão profissional a ponto de fazer Kaká virar as costas pro planeta? O Milan de Beckham?

Usando esse mesmo pensamento, que por sinal uso em todas esferas de minha vida, poderia compreender o incômodo de Felipão em Portugal, e o tesão no Chelsea - alguém duvida que a motivação dele no clube está justamente no fato de haver cobrança?

Poderia jogar uma luz diferente em perfis profissionais aparentemente tranquilos e realizados, como Bernardinho e Muricy, ou entender os conflitos de Mourinho, ou interpretar a carreira blindada e o desafio de Rivaldo no Uzbequistão.

Tento não julgar o desafio de ninguém. Costumo olhar aflito o comportamento de profissionais que entram num ciclo de quase-unanimidade.

A construção da personalidade é feita com um engenheiro, um pedreiro, um arquiteto. A personalidade é uma casa onde mora só uma pessoa. Você.

E é difícil a beça separar o que é capricho do que é desafio em sua própria vida. Impossível julgar o mesmo na vida dos outros.

5 comentários:

Anônimo disse...

Difícil, interessante e verdadeiro...

Saudações Hexacampeãs Brasileiras,

Rafael
(rumo a Dubai)

Anônimo disse...

Melhor, seguindo o seu texto, quero me opor ao que você escreveu... (assim você melhora...hehehe)...
Não acho que o Kaká quer maiores desafios não, pois acho que no Milan tem-se que ganhar sempre, ou seja, é mais fácil ser jogador do City.

Saudações Hexacampeãs Brasileiras,

Rafael
(rumo a Dubai)

Anônimo disse...

Entendo que o Kaká não vai pro City, nem por dinheiros, nem por desafios, ambos, embora o primeiro ele ganharia muito mais no clube inglês(O que é sempre bom lembrar, não é a coisa mais importante pra ele).

Quanto ao paternalismo, o City é um clube paternalista, assim como é o Milan, mas o City pode sucitar um desafio em breve, coisa que eu não vejo no milan.

Enfim, não quero ver Kaká com camisas azul-claras na carreira breve.

um último detalhe, avisa pro anônimo que o Mundial vai ser em Abu Dhabi

Anônimo disse...

Teremos jogos em Dubai também...

Mas, de qualquer forma, RUMO A ABU DHABI!

Abraços,

Rafael
(rumo aos Emirados Árabes Unidos)

Anônimo disse...

Nem amigo, Todos os Jogos serão no Emirado de Abu Dhabi.