Justo quando começa o Campeonato Paulista, somos exercitados a questionar as razões de ele, hoje, não ser o que já foi um dia. Um dos motivos é a credibilidade, dividindo a lista com alguns outros fatores que desabonam a prática, mas não tiram o romantismo e a importância biográfica da competição.
A matéria que saiu no site da Época é forte, contundente e desafiador, e está aqui.
A Folha de S. Paulo desmentiu recentemente o Guia da FPF. O Guia apontava o SPFC como rebaixado em 1990, e a Folha não concordou. A FPF, então, mudou de opinião, concordou com a Folha, desmentiu o seu próprio Guia, e colocou a culpa toda no historiador do Guia.
Acontece que a própria Folha, na ocasião, como mostra a foto, cravava o São paulo como rebaixado.
O historiador, que ficou como o mordomo da história, acusou o livro A História do Campeonato Paulista, escrito em 97 por Valmir Storti e André Fontenelle, este segundo, veja que mundo pequeno, o autor desta mesmíssima matéria da Época.
Mas, pegando este livro em mãos e indo mais adiante, vemos que a questão do regulamento não é mais grave que o regulamento da fase final da competição. Segue abaixo o texto do referido livro:
"Pela primeira vez, um time rebaixado à segunda divisão no ano anterior era campeão da primeira. (...)Tudo graças a uma "virada de mesa", que criou um novo tipo de regulamento no Paulista, apenas para acomodar o São Paualo. Assim, dois times da série fraca disputariam as finais com seis times da série forte. Beneficiado pelo regulamento (já que teria pela frente adversários muito mais fracos) (...), o São Paulo massacrou a concorrência.
Absurdo ainda maior cometeu o regulamento na segunda fase. São Paulo e Palmeiras terminaram empatados em pontos ganhos, e quem passou à final foi o São Paulo, por ter feito mais pontos na primeira fase. Não se levou em conta que haviam sido pontos contra equipes da segunda divisão, enquanto o Palmeiras enfrentara as melhores equipes do estado."
Na ocasião, o São Paulo era um clube 3-0-0. O Paulistão era maior, mais longo e mais prestigiado que hoje. É inadmissível, em qualquer época, um regulamento bizarro como esse, do começo ao fim.
Muita água passou, a discussão volta, mas um grito unânime há de ser ouvido: Federação Paulista de Futebol, QUE LAMBANÇA!
E não falo só do Campeonato de 1990. É ridícula a forma com que a FPF tratou os profissionais que pesquisaram e fizeram o Guia. Não se muda de lado assim tão facilmente. Um urro crítico da Folha, e a FPF optou por jogar a bomba no colo de quem fez, e muito bem feita, a pesquisa.
Isso não se chama postura linear.
10 comentários:
Essa velha discussão do rebaixamento ou não de 90, é ao meu ver totalmente desnecessária Leandro.
No blog do Birner(são-paulino) no ano passado, teve uma abordagem sobre isso (segue link:http://blogdobirner.net/2007/11/06/1990-o-ano-em-que-o-sao-paulo-nao-caiu/)
Eu li o regulamento do Paulista/90e realmente no artigo 5º é expresso:
"Para o Campeonato da Primeira Divisão de Futebol Profissional de 1991, o Grupo I será constituído pelas 14 associações classificadas para disputar a quarta fase do Campeonato de 1990 e o Grupo II será constituído pelas dez associações restantes que não se classificaram para a quarta fase e mais quatro advindas da Divisão Especial de 1990.”
Não sou advogado, me formei em propaganda, não sou procurador, muito menos representante do SPFC, sou apenas um despachante aduaneiro em Santos.
Mas recolhido ao meu leigo conhecimento, não vejo isso como um rebaixamento.
Vejo apenas como você bem frisa, mais uma LAMBANÇA de uma federação brasileira, seja de futebol, basquete, biribol ...
Não saão capazes de organizar nem uma disputa de par ou ímpar, quiçá um campeonato descente.
Claro que isso serve de combustível para os aproveitadores de plantão, etc ...
Mas é a vida, fazer o quê ?
Abs !
Como o mundo é pequeno.
Depois de ler novamente o posto no blog do Birner, vi que você postou lá também, hehehe !
Eu sei que deve ser difícil quando interpretamos algo diferente do que é.
Mas o regulamento é bem claro, quando diz que não existe um rebaixamento de divisão.
E sim um subgrupo de uma divisão, totalmente incabível nos moldes do profissionalismo de hoje.
Mas é impressionante como essas manobras sempre acontecem no Brasil.
E o pior é que qualquer time que estivesse nessa situação seria alvo de um hipotético descenso, o que realmente não houve.
Abs !
Leandro, você gosta do PVC, não?
Veja o que ele diz a respeito...
http://colunas.globoesporte.com/danielperrone/2009/01/26/tai/
Saudações Hexacampeãs,
Rafael
(rumo aos Emirados Árabes)
Só salientando que, nesta postagem, eu gasto mais tinta para iluminar a questão da forma como pesquisadores, patrões e jornalistas estão tratando a coisa, cheios de posicionamentos compromissados, manchetes duvidosas e omissões históricas, do que propriamente discutindo se o SPFC jogou ou não a Segunda Divisão.
Quem cuida da documentação de nossa história está mostrando completa falta de autonomia. A Folha se recusou a admtir e publicar, como resposta sugerida pelo pesquisador, sua própria página de jornal de 1990. A FPF não fica atrás. E são eles que organizam os documentos históricos pra que as geraçõs futuras interpretem a realidade. triste.
Leandro,
Realmente você tem razão. É uma verdadeira lambança de várias partes. São pessoas que escrevem o que quer, do jeito que bem entendem, buscando sempre o melhor pra si mesmo, sem pensar nas consequências.
Esse realmente é o problema.
Abraços,
Rafael
(rumo aos Emirados Árabes)
Boa tarde Leandro,
Par não ser imparcial, (como todo jornalista deve ser, ou presume-se que seja) segue link do grande palmeirense Mauro Batting, sobre a "polêmica" do paulistão 90' que muitos ainda insistem:
http://blogs.lancenet.com.br/maurobeting/2009/01/25/como-o-sao-paulo-nao-foi-rebaixado-no-sp-90-e-como-a-fpf-rebaixou-32-clubes-no-sp-94/
Abs !
Ortsiger, muito bom levantar outras opiniões. Se tu me perguntares, honestamente, não responderei convicto se, NA MINHA OPINIÃO, o SPFC caiu ou não caiu. Não lembro da época, era muito criança. E os documentos sobre isso são conflitantes, por vezes clubistas.
Mas é mais uma coisa de nomenclatura. É fato que jogou num grupo, ou numa divisão, de menos prestígio. Que se valeu de umr egulamento absurdo, que deu abertura para estes clubes. O regulamento, esse sim, é inacreditável de incorreto, sendo o Palmeiras o maior prejudicado, ao ser eliminado pelo SPFC após empatar em pontos no quadrangular semi-final, mas perder a vaga na final pelo critério de desempate.
Que era a campanha na primeira fase...rs.
O regulamento foi ridículo mesmo, mas foi aprovado por todos os clubes antes do início do campeonato. Por isso que ninguém pode reclamar.
Abraços,
Rafael
(rumo ao Hepta)
Foi o que eu disse no primeiro comentário do seu post Leandro.
Existem vários regulamentos idiotas, como o Gauchão de 2004 para mim o mais bizarro de todos, até 2000 com o Havelangão dando chances ao Malutron de disputar a fase final, o Brasil foi o oásis da baderna, descaso e coisas piores, não que hoje esteja tudo correto.
Mas o que o Farah fez entre 90 e 94é de chorar no canto.
Tinha 8 anos na época e já acompanhava a finco o futebol, mas com a inocência de uma criança, sem entender os meandros e jogadas de bastidores.
E com certeza o SPFC jogou num grupo ridículo em 91 por ter ficado fora da repescagem de 90.
Mas o ponto em que me pego e que a maioria dos jornalistas sérios apuram é que não houve uma manobra, como a do Flu para subir da terceirona direto pra primeira por exemplo.
O regulamento estava definido desde o começo e ninguem na época imaginava que um grande teria tantas dificuldades.
Mas 90 foi um ano catastrófico para o SPFC, já vinha de um vice em 89 do Vasco em casa.
Perdeu o Brasileirão de 90 para o Corinthians e no paulista nem sequer conseguiu se safar na repescagem.
E essa sina do Palmeiras perder por critérios medíocres se repetiu em 2002 no Rio-SP, se lembra ???
Quer coisa mais esdrúxula do que classificar por 4 x 7 ???
Abs !
Thanks :)
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