segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Mancha que mancha

2006. Tite assume o Palmeiras na lanterna, após 9 rodadas de fracassos, e, depois de um jogo e da pausa pra Copa do Mundo, o Verdão sai do limbo, jogando bem. Numa derrota em Recife para o Santa Cruz, porém, Salvador Palaia manda Tite calar a boca publicamente, e a torcida Mancha Verde aparece do nada no aeroporto, para agredir o treinador, que foi demitido, ou convidado a pedir demissão.

2008. O Palmeiras de Luxemburgo viaja ao Rio de Janeiro para uma partida que, desde sempre, é complicada e importante, diante do Mengo. Para cobrar alguma coisa qualquer, aparece a Mancha Verde, e o resultado: Luxa fratura o cotovelo.

As duas histórias não são semelhantes apenas em estilo e gratuidade. Os atos fora de contexto da Torcida em questão aconteceram também no mesmo período. Estamos perto de uma eleição no Palmeiras.

A gente tenta tratar Torcida Organizada com olhos de sociólogo, entendendo o fenômeno, interpretando-as como parte espelhada da sociedade.

Mas a Mancha Verde é apenas uma ala política, radical, a única capaz de agredir, literalmente e figurativamente, o próprio time.

Num desses jogos pelo Brasileirão, eu, com o pé machucado, pedi, mancando, carona para uma van. Ao entrar, notei que era a Mancha Verde de Campinas. Eles apontavam o dedo para carros no trânsito. Sujeitos ocasionais eram xingados. Palmeirenses eram xingados três vezes mais. Um deles tomou um tapa na cara. Por nada.

Mancham. Envergonham. Sujam. Não é nenhuma novidade.

Posso discutir com palmeirenses que são à favor da Arena, e por isso parecem cuspir no nosso digníssimo estádio atual. Posso discutir sobre Traffic, sobre Luxemburgo e sua débil opulência argumentativa. Posso discutir com aqueles que querem falar sobre tamanho de torcida, pesquisas, assim como posso discutir sobre fidelidade, a despeito de muitos palmeirenses e manchistas que arrotam por aí que são mais "especiais" que outras torcidas.

Menos sobre a Mancha Verde. Esta, que pelas mesmas razões políticas já avançou na Parmalat e em Felipão, já ultrapassou todos os limites, já deu todos os exemplos e demonstrações do que é. Sobre esse assunto não discuto mais.

No estádio do Palmeiras, cada "ala" canta sua própria música. Na final do paulistão, passei quinze horas espremido numa fila sabotada pela Mancha. Após o jogo, a mesma Mancha fez da Rua uma praça de guerra. Bah, não preciso elencar mais coisas tão ululantes, porém termino com a declaração sensacional de um dos "bambas" da Mancha Verde, após eu perguntar o que ocorreu no aeroporto.

"Na verdade eu não sei, cara, o que aconteceu. Mas o Luxa sabe porque apanhou".

Brilhante. E ainda tem alguns que não entendem porque a bola alviverde bate no travessão, na linha, e não entra.

2 comentários:

Oslaine disse...

Meu caro Leandro, isto que vc. postou em seu blog, e um sinonimo do que acontece na sociedade brasileira, cada classe social tem a sua "mancha, seja ela verde, branca ou negra" cada time tem o seu "lado negro", na politica, encontramos o mesmo problema, cada partido, cada "ala"do mesmo partido, tem suas " manchas",todas "trabalhando" em interesses proprios, ou em interesses de seus "patroes". O que estamos vendo na S.E.P, e simplesmente um boicote ao time, um boicote planejado pelos proprios "representantes" do Palmeiras. Quando se fala em diretores como Salvador Palaia, como vc. citou em seu post., pode-se esperar tudo e muito mais. Sinceramente, nao sou fan de WL. acho o cara muito arrogante, etc...
Mas chegar a esse ponto de agredir a pessoa, e muita covardia dessa "ala" da torcida, que "mancha" o nosso querido Verdao...
Abracos,
ANtonio Cesar

cromo disse...

Não gosto disso de interprtar e deixar rolar. É ineficient e, enquanto isso, tem gente apanhando no metrô na frente do filho por que usa um uniforme do corinthians no metro barra funda as 4 da tarde num domingo. Há que se proibir torcidas organizadas, uniformizadas, de qualquer forma. O que une os torcedores é o clube. Qualquer organizada não representa 10% do torcedores do clube, falando no Palmeiras ou no XV de Jaú. Aliás, nenhuma organizada desses dois clubes presta, ambas ridiculas, todas. Mesmo não representando nada querem mandar no clube, nos outros torcedores, nas suas paixões.
Bem faria o clube que publicamente negasse sua organizada, que aplaudisse o torcedor de sofá que NÃO PODE ir ao estádio por culpa dessas mesmas organizadas.
Poucas coisas são mais tristes do que ter que levar meu moleton, faça o sol que faça, em qualquer sabado ou domingo, pra sair com a camisa do meu time de coração (São Paulo) ou pior com uma camisa de time qualquer que eu simpatize, como o Guarani, pois posso ser espancado. Poucas coisas são mais tristes que acordar depois de ter sido campeão da Libertadores e lamentar que gente que poderia vender jornal coma notícia no dia seguinte tenha perdido o jornal, a banca, o dia seguinte. E os seguinte.